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POLÍTICA MONETÁRIA
Palocci defende mecanismo e diz que economias brasileira e americana não podem ser comparadas
Fed critica sistema de meta de inflação
DA REDAÇÃO
O presidente do Federal Reserve, o banco central norte-americano, Alan Greenspan, disse ontem que rejeita a idéia de adotar
uma meta de inflação para definir
as taxas de juros dos EUA, ao afirmar que essa medida é "altamente
duvidosa" e pode elevar ainda
mais a regulação do setor.
Para o presidente do Fed, a economia americana é muito complexa para ser reduzida a uma política monetária baseada em um
modelo de regras rígidas.
O discurso de Greenspan foi feito durante o encontro anual do
Fed de Kansas City, em Jackson
Hole (Wyoming).
O presidente do Fed disse que é
melhor adotar um sistema de "gerenciamento de risco" para definir a taxa de juros, o qual permita
aos oficiais avaliarem pelo seu
próprio julgamento os efeitos da
política adotada. Hoje a taxa básica de juros nos Estados Unidos
está em 1% ao ano, o menor nível
em 45 anos.
"Regras, por sua natureza, são
simples, e, quando há significativas incertezas no ambiente econômico, elas não podem ser substituídas por paradigmas de gerenciamento de risco, que são muito
mais apropriados para definir as
políticas", disse Greenspan.
As metas de inflação, que servem para nortear as expectativas
do mercado sobre a política monetária, são usadas pelo Banco da
Inglaterra, o BCE (Banco Central
Europeu), o Banco da Nova Zelândia, o Banco do México e o
Banco Central brasileiro, por
exemplo.
Palocci
Apesar de não criticar a posição
do presidente do Fed, o ministro
brasileiro da Fazenda, Antonio
Palocci Filho, defendeu o sistema
de metas de inflação e disse que as
economias brasileira e americana
não podem ser comparadas.
"Pessoas como o Greenspan têm
a sua experiência, no seu país,
mas o que tem sido demonstrado
no Brasil e na grande maioria dos
países é que metas de inflação têm
funcionado, principalmente nos
países em desenvolvimento."
Segundo Palocci, a metodologia
"tem sido aperfeiçoada". "Hoje
alguns países que não usam esse
mecanismo estão aderindo a ele",
afirmou, em seminário promovido pela CUT (Central Única dos
Trabalhadores), em São Bernardo
do Campo (SP).
"A economia americana trabalha com um déficit comercial de
US$ 504 bilhões a US$ 505 bilhões
e com um déficit orçamentário do
tamanho do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil. Então não dá
para dizer que uma metodologia
de combate à inflação nos Estados
Unidos possa ser estendida a outros países."
Algumas autoridades, incluindo o presidente do Fed da Filadélfia e de Saint Louis, defendem que
o banco central americano adote
a meta de inflação.
Para os investidores e os mercados financeiros, a discussão é importante, porque é difícil saber
como o Fed pode garantir o crescimento da economia.
Greenspan disse que há muita
incerteza sobre a economia para
adotar uma meta, particularmente quando a inflação está em nível
tão baixo, como agora. O próprio
presidente do Fed disse que o risco de deflação ainda não foi totalmente descartado.
Greenspan também disse que a
decisão de não adotar uma meta
de inflação e manter a política de
administração de riscos garante
mais agilidade na tomada de decisão, como aconteceu durante a
crise na Rússia, em 1998.
Com agências internacionais
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