UOL


São Paulo, sábado, 30 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

POLÍTICA MONETÁRIA

Palocci defende mecanismo e diz que economias brasileira e americana não podem ser comparadas

Fed critica sistema de meta de inflação

DA REDAÇÃO

O presidente do Federal Reserve, o banco central norte-americano, Alan Greenspan, disse ontem que rejeita a idéia de adotar uma meta de inflação para definir as taxas de juros dos EUA, ao afirmar que essa medida é "altamente duvidosa" e pode elevar ainda mais a regulação do setor.
Para o presidente do Fed, a economia americana é muito complexa para ser reduzida a uma política monetária baseada em um modelo de regras rígidas.
O discurso de Greenspan foi feito durante o encontro anual do Fed de Kansas City, em Jackson Hole (Wyoming).
O presidente do Fed disse que é melhor adotar um sistema de "gerenciamento de risco" para definir a taxa de juros, o qual permita aos oficiais avaliarem pelo seu próprio julgamento os efeitos da política adotada. Hoje a taxa básica de juros nos Estados Unidos está em 1% ao ano, o menor nível em 45 anos.
"Regras, por sua natureza, são simples, e, quando há significativas incertezas no ambiente econômico, elas não podem ser substituídas por paradigmas de gerenciamento de risco, que são muito mais apropriados para definir as políticas", disse Greenspan.
As metas de inflação, que servem para nortear as expectativas do mercado sobre a política monetária, são usadas pelo Banco da Inglaterra, o BCE (Banco Central Europeu), o Banco da Nova Zelândia, o Banco do México e o Banco Central brasileiro, por exemplo.

Palocci
Apesar de não criticar a posição do presidente do Fed, o ministro brasileiro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, defendeu o sistema de metas de inflação e disse que as economias brasileira e americana não podem ser comparadas. "Pessoas como o Greenspan têm a sua experiência, no seu país, mas o que tem sido demonstrado no Brasil e na grande maioria dos países é que metas de inflação têm funcionado, principalmente nos países em desenvolvimento."
Segundo Palocci, a metodologia "tem sido aperfeiçoada". "Hoje alguns países que não usam esse mecanismo estão aderindo a ele", afirmou, em seminário promovido pela CUT (Central Única dos Trabalhadores), em São Bernardo do Campo (SP).
"A economia americana trabalha com um déficit comercial de US$ 504 bilhões a US$ 505 bilhões e com um déficit orçamentário do tamanho do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil. Então não dá para dizer que uma metodologia de combate à inflação nos Estados Unidos possa ser estendida a outros países."
Algumas autoridades, incluindo o presidente do Fed da Filadélfia e de Saint Louis, defendem que o banco central americano adote a meta de inflação.
Para os investidores e os mercados financeiros, a discussão é importante, porque é difícil saber como o Fed pode garantir o crescimento da economia.
Greenspan disse que há muita incerteza sobre a economia para adotar uma meta, particularmente quando a inflação está em nível tão baixo, como agora. O próprio presidente do Fed disse que o risco de deflação ainda não foi totalmente descartado.
Greenspan também disse que a decisão de não adotar uma meta de inflação e manter a política de administração de riscos garante mais agilidade na tomada de decisão, como aconteceu durante a crise na Rússia, em 1998.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Combustíveis: Álcool e gasolina sobem na segunda
Próximo Texto: Índices positivos dão mais sinais de alta nos EUA
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.