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Especialistas vêem confirmação de monopólio
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A liberação do plantio de soja
transgênica no país, neste ano,
abre espaço para a expansão da
área plantada mundialmente com
sementes geneticamente modificadas dessa cultura, consolidando
o monopólio da Monsanto no setor, segundo especialistas.
Hoje as culturas transgênicas
ocupam 58,7 milhões de hectares
em todo o planeta e crescem a taxas superiores a 10% ao ano, segundo a International Service for
the Acquisition of Agri-biotech
Applications (ISAAA).
A área cultivada com soja geneticamente modificada corresponde a mais da metade das lavouras
transgênicas -36,5 milhões de
hectares. Como no Brasil a soja é
cultivada em 18,4 milhões de hectares, a liberação do plantio significaria um salto considerável para
os transgênicos a nível mundial.
"O risco maior é a consolidação
do monopólio da Monsanto no
setor, cuja semente, a Rondup
Ready, já é utilizada em 90% das
lavouras em todo o mundo," diz o
engenheiro agrônomo Leonardo
Melgarejo, doutor em engenharia
de produção pela Universidade
Federal de Santa Catarina.
Segundo Melgarejo, outro risco
é a soja transgênica varrer do mapa agrícola os pequenos produtores, aumentando o êxodo rural.
"Na Argentina, a soja transgênica
expandiu a área mínima viável
para a produção, e os pequenos
agricultores estão desaparecendo", afirma o pesquisador.
Os defensores da liberação dos
transgênicos argumentam que
não existe monopólio da Monsanto no setor. "Ela detém a patente do gene introduzido na
planta, que a torna resistente ao
glifosato [princípio ativo do herbicida Rondup Ready], mas não é
a única produtora de sementes
modificadas por esse gene, por isso não há monopólio", diz Ivo
Carraro, diretor-executivo da Codetec (Cooperativa Central de
Pesquisa Agrícola), de Cascavel.
A Codetec desenvolve, desde
1998, algumas variedades próprias de sementes de soja, sob licença da Monsanto. A Embrapa
também tem parceria semelhante
com a empresa americana.
Segundo Carraro, além da
Monsanto, outras indústrias desenvolvem pesquisas com sementes modificadas de soja, como a
Bayer, a Sigenta, a Milênia e a
Basf. Essas empresas ainda são
minoria no mercado mundial.
A pressão pela liberação vem
principalmente dos produtores
do Rio Grande do Sul que já cultivam o produto transgênico, com
sementes trazidas ilegalmente da
Argentina. "Eles se animaram
com a redução de custos imediata, mas a produtividade é menor
e, com a liberação, terão de pagar
royalties, o que reduzirá seus ganhos", diz Melgarejo. Nos EUA, a
Monsanto cobra US$ 67,45 de royalties por hectare e, na Argentina, US$ 49,83
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