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Varejo deve ter expansão menor que a prevista
Analistas revêem para baixo projeções após BC prever crescimento menor
Consultorias agora esperam uma expansão entre 3,5% e 4,2%, contra previsões de até 6% de alta feitas no início do ano
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Após a revisão do Banco Central para a expansão da economia em 2006, e de duas derrapadas do desempenho do comércio -nos meses de junho e
julho-, analistas revisaram as
previsões de crescimento do
varejo brasileiro no ano. Espera-se expansão anual entre
3,5% e 4,2%, contra expectativas que superavam 6% no início do ano.
A RC Consultores, por exemplo, previa, em fevereiro, crescimento anual de 6,2%. Os números foram sendo revistos para baixo nos últimos meses até
a última previsão, feita na semana passada, de expansão de
4,2%.
"Tivemos um começo de terceiro trimestre cambaleante,
após um segundo trimestre
ruim. Não há como sustentar
antigas previsões de expansão
numa economia com esse desempenho envergonhado", diz
Fabio Silveira, sócio-diretor da
RC Consultores.
"Todos os meses, reavaliamos nossas projeções, segundo
o desempenho da economia.
No início de 2006, estávamos
otimistas, porém, revisamos
nossa rota. Já, inclusive, trabalhávamos com dados menos
positivos para o início do terceiro trimestre, como apontou
o IBGE", afirma Deborah Cristina Nogueira, economista da
Rosenberg & Associados.
IBGE
O IBGE informou na semana
passada que houve um declínio
no volume de vendas do comércio de 0,45% de junho para julho. No mês anterior, esse mesmo indicador já havia apontado
uma queda de 0,31%. Até então,
a Pesquisa Mensal do Comércio do instituto registrava índices positivos na comparação
mês a mês. Dias após o anúncio
dessa freada, o Banco Central
anunciou redução de 4% para
3,5% em sua estimativa de crescimento para o Brasil em 2006.
"Agosto continuou "andando
de lado", e esperávamos um
mês mais forte. Há expectativa
de que, após ajuste sazonal, o
último trimestre tenha desempenho um pouco melhor. Mas
não será nenhuma explosão"
diz Zeina Latif, economista-chefe do banco ABN Amro
Real.
A área econômica do banco
informa que não faz cálculos
para o desempenho do comércio, mas espera números mais
tímidos. "Acreditávamos em algo como 5% de alta no ano, agora trabalhamos com algo em
torno de 4,5% ou até abaixo disso", diz Zeina.
Segundo Fabio Silveira, da
RC Consultores, a perda da velocidade de expansão da renda
e do volume total de trabalhadores ocupados teve reflexo direto nos recentes desempenhos do varejo. O rendimento
médio real habitualmente recebido pelas pessoas ocupadas
ficou em R$ 1.036,20 em agosto, com elevação de apenas
0,7% em relação a julho. A alta é
menor que a expansão de 2,5%
em julho (em relação a junho).
Além disso, segundo ele, ainda não há reflexo considerável
da queda na taxa de juros básica
(Selic) para o consumidor. Estima-se que são necessários cerca de oito meses desde o início
de movimento de redução nas
taxas, promovida pelo Banco
Central, até o efeito disso na
demanda doméstica, explica
Zeina Latif, do ABN Amro.
No começo de setembro, a
Associação Comercial de São
Paulo informou oficialmente
mudanças em suas previsões de
resultados do comércio. A entidade trabalhava com uma expectativa de expansão de 5% no
ano. Marcel Solimeo, economista da associação, já fala agora em alta de 4% para o ano.
Para Solimeo, mesmo o crescimento acumulado da renda
no ano -em cerca de 4%- pode não sustentar expansão considerável nas vendas. O recente
aumento da inadimplência pode comprometer parte desse
ganho. Além disso, diz ele, a expansão nas vendas apenas com
base em crédito tem limites.
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