São Paulo, sábado, 30 de setembro de 2006

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Turismo vê receita 8% maior no semestre

81% das empresas pesquisadas pela FGV projetam alta no faturamento de julho a dezembro em relação ao ano passado

Entre os meses de janeiro e julho, houve 26,9 milhões de desembarques nacionais, alta de 11,5% em relação ao mesmo período de 2005


FABÍOLA SALANI
DA REDAÇÃO

Todos os setores do turismo estão otimistas para o desempenho neste semestre. Segundo dados do 11º Boletim de Desempenho Econômico do Turismo da FGV (Fundação Getulio Vargas), 81% dos empresários prevêem aumento de faturamento de julho a dezembro deste ano em relação ao mesmo período de 2005.
E a média ponderada é de um crescimento de 8,3% no faturamento neste semestre. Para o semestre terminado em junho, a estimativa é que tenha havido um incremento de 12,7% no faturamento sobre o mesmo período do ano passado. A pesquisa foi feita com 762 empresas de oito segmentos.
"O otimismo tem sido detectado há três anos nessa pesquisa e se confirmado depois nos dados de faturamento e de movimento", afirmou Adonai Teles, coordenador do boletim no Núcleo de Turismo da FGV.
Nos últimos anos, o movimento em aeroportos medido pela Infraero tem crescido. De janeiro a julho, último dado disponível, houve 26,9 milhões de desembarques nacionais -alta de 11,5% em relação ao mesmo período de 2005.
Outro indicativo, que é a entrada de divisas por turistas estrangeiros, também mostra evolução ano a ano. Neste mesmo período de janeiro a julho (dados mais recentes), a receita totalizou US$ 2,5 bilhões, 16,4% a mais do que nos sete primeiros meses de 2005.
Para Teles, os percentuais que aparecem no resultado do boletim em si não são o principal da pesquisa. "O número é o indicador, na verdade, de quão forte é esse otimismo do setor."

Influência da Varig
Ele ressalta que, nessa edição do boletim, a Varig não respondeu ao questionário e, por isso, o segmento de companhias aéreas está com uma base muito diferente daquela que vinha sendo usada nas dez pesquisas anteriores.
Para José Francisco de Salles Lopes, diretor de Estudos e Pesquisas da Embratur, a situação da Varig foi, inclusive, a que teve impacto negativo no setor de receptivo, o que mais demitiu no segundo trimestre e o que mais prevê cortes de pessoal para este semestre, de acordo com os dados apurados pelo boletim da FGV.
"Só em julho e agosto, foram 587 mil assentos a menos no setor internacional, e isso dificultou a chegada dos turistas ao Brasil", afirmou.
O balanço da Infraero confirma esse impacto: o total de desembarques internacionais caiu 2,7% nos sete primeiros meses do ano, com redução concentrada em junho e julho.
Já para o consultor Marcello Chiavone Pontes, professor da ESPM, a queda da Varig foi importante para o internacional, mas não tanto para o nacional. "[A crise da Varig] Não é o único fator que impede o crescimento do setor", afirmou.
Na visão do consultor, "o resultado do boletim mostra um cenário otimista em relação à melhora do setor. No entanto, ainda há muito a ser feito. Turismo é uma atividade que se constrói a longo prazo e, para isso, deve ser uma política de Estado, e não de um governo".
Pontes destaca o efeito cascata de melhorias na atividade turística para a população: "Se uma estrada é melhorada para que os turistas cheguem ali, a população tem maior facilidade de ir e vir. O emprego no turismo exige mais qualificação e, portanto, provê uma renda melhor", afirmou.


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