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Japão, Rússia e China devem concorrer na indústria de aviões
Estudo do BNDES aponta que países são os mais preparados para enfrentar hegemonia das empresas ocidentais no setor
Parcerias com fabricantes para produção de peças levaram tecnologia às companhias locais, que já planejam fazer aeronaves
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
Estudo do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) afirma
que Japão, Rússia e China são
os países mais preparados e
dispostos a fomentar a concorrência na indústria aeronáutica. O setor é concentrado basicamente em quatro fabricantes: Boeing e Airbus (aviões de
grande porte) e Embraer e
Bombardier (jatos regionais).
Segundo o estudo, a entrada
de novos concorrentes no setor
foi incentivada pelo novo modelo de negócios da indústria
aeronáutica, em que os fabricantes se tornam "integradores
de sistemas". Na prática, o
avião passa a ser construído em
diversas partes do mundo e o
desenho não só de peças como
de sistemas é feito fora da sede
do fabricante. Um exemplo
dessa estratégia é a fabricação
do Boeing-787, com entrada
prevista no mercado em 2008.
A construção de 90% das partes do avião foi distribuída por
fornecedores internacionais.
Os parceiros da Boeing no Japão e na Itália construirão sistemas já certificados, testados e
prontos para a montagem final,
que leva até quatro dias e é realizada em Everett, Washington.
Os japoneses construirão
cerca de 35% da estrutura da
aeronave. A japonesa All-Nippon Airways fez uma encomenda inicial de 50 unidades, um
negócio da ordem de US$ 6 bilhões. A parceria com os japoneses representa a primeira vez
em que a Boeing terceiriza o
projeto e a produção de uma
asa para uma aeronave nova, o
que representa um ponto crítico do projeto e uma das fontes
de inovação tecnológica.
"A Boeing tem vantagens no
acesso ao mercado e impede
maior entrada da Airbus no Japão, mas pode estar desenvolvendo simultaneamente um
competidor importante em seu
próprio negócio", diz o estudo.
A empresa que constrói a asa do
Boeing-787, Mitsubishi Heavy
Industries, pretende construir
um jato regional de 70 a 90 lugares usando a tecnologia desenvolvida com a Boeing.
O novo modelo de negócios
permite a redução da exposição
ao risco e nos custos com empregados. Segundo José Antônio Pereira de Souza, autor do
estudo, a estratégia representa
"uma infusão direta de conhecimentos científicos e tecnológicos em fabricantes fora do eixo ocidental" e não leva em conta o impacto sobre a concorrência futura.
Nesse cenário, a Rússia aposta na fabricação de um jato regional, o SSJ (Sukhoi Superjet).
Será o primeiro avião comercial russo projetado desde o início para atender os padrões de
certificação ocidentais.
"O grande mercado aeronáutico hoje está na Ásia. A própria
Sukhoi vai focar no mercado
asiático, tentando estabelecer
uma rede de fornecedores basicamente no continente. Já há
conversas da indústria russa
com a indústria chinesa para
tentar construir uma aeronave
de porte maior", disse Souza.
A expectativa é a de um potencial no mercado doméstico
russo de 300 aeronaves e de outras 500 no mercado internacional. Além da experiência, a
Rússia conta com custos baixos. A iniciativa agradaria a fornecedores que apóiam o aumento da concorrência em jatos de cem lugares. A consolidação da indústria russa passa
pelos planos da estatal Unified
Aircraft Building de combinar
seis companhias em uma única.
A China atua desde 2003 na
montagem de aeronaves da
Embraer. Além disso, trabalha
com a Boeing nos programas
737 e 787. O Conselho de Estado Chinês aprovou em fevereiro deste ano um plano para
produzir um avião comercial.
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