São Paulo, quarta-feira, 30 de outubro de 2002

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NOVA ONDA

BC faz nova rolagem de dívida, Bolsas européias e confiança do consumidor dos EUA caem, débito de empresas preocupa

Clima volta a piorar no mercado financeiro

ANA PAULA RAGAZZI
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco Central conseguiu realizar rolagem de grande quantidade de dívida atrelada ao câmbio em sua primeira tentativa ontem. Mesmo assim, o dólar subiu 1,06%, para R$ 3,82.
O risco Brasil, calculado pelo JP Morgan, também fechou em alta, de 3,6%, para 1.917 pontos.
Apesar de não repetir as boas atuações da semana passada, a Bolsa de Valores de São Paulo conseguiu evitar a queda e encerrou com pequena alta de 0,28%.
A divulgação do reescalonamento da dívida da Globopar na noite de segunda-feira não foi bem recebida pelo mercado.
O temor é que outras empresas se vejam obrigadas a iniciar a reestruturação de suas dívidas.
"O mercado internacional está fechado para as empresas brasileiras já há alguns meses. Se esse problema persistir por muito tempo, começará a haver uma onda de pânico no mercado, com o medo de outras empresas terem problemas com suas dívidas", diz o diretor da Global Invest, Fernando Ferreira.
Além disso, o mercado norte-americano teve um dia bastante negativo, motivado pelos números referentes ao índice de confiança do consumidor americano, que caiu para seu menor nível em nove anos. A Nasdaq -Bolsa eletrônica que reúne as ações de empresas de alta tecnologia- caiu 1,16%. O Dow Jones, depois de operar em baixa durante boa parte do pregão, fechou praticamente estável, a 0,01%.
O fato de o PT não ter divulgado todos os nomes que integrarão a equipe de transição do governo e não ter sinalizado quem irá dirigir o BC ou o Ministério da Fazenda também contribuiu para a depreciação dos indicadores.
Segundo Guilherme da Nóbrega, economista-chefe do banco Fibra, o mercado sempre aguarda alguma coisa: "É um erro achar que algum evento, alguma data, algum anúncio, terá o poder de acalmar definitivamente o mercado", afirma.
"Hoje, a espera é pelo anúncio da equipe de transição. Amanhã, será pela interação entre esta equipe e o atual governo. Depois, serão as negociações do Orçamento de 2003, as conversas com o FMI, o novo salário mínimo, e assim por diante."

Rolagem
O câmbio iniciou a semana pressionado pelo vencimento de aproximadamente US$ 2 bilhões em contratos de "swap" cambial, na sexta-feira.
Ontem, o BC conseguiu renovar cerca de 48% deste vencimento, a juros menores do que os obtidos nas rolagens feitas anteriormente, segundo operadores do mercado. As taxas não foram divulgadas pela autoridade monetária.
Desde o início deste mês, que concentrou cerca de US$ 6 bilhões em vencimentos desse tipo, o BC precisava de várias tentativas para conseguir renovar os papéis. Quando conseguiu colocou "swaps" de curtíssimo prazo, pagando taxas superiores a 50%.
A dificuldade de renovação fazia com que os detentores dos papéis pressionassem o dólar para elevar seus ganhos na hora do resgate.
Foram rolados 19 mil contratos no curto prazo, para dezembro, e 1.300 para dezembro de 2004.
"A rolagem que o BC conseguiu realizar ontem ajudou a evitar que o dólar tivesse uma alta mais forte", afirma Alexandre Vasarhelyi, chefe da mesa de câmbio do banco ING.
O Banco Central vendeu dólares no mercado à vista.


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