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Dólar leva indústrias a planejar aumento nos próximos três meses
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A disparada do dólar fez com
que reajuste de preço virasse palavra de ordem para as indústrias
brasileiras: 48% delas esperam
promover aumentos nos próximos três meses.
Trata-se da maior marca da era
FHC. No primeiro trimestre de
1995, apenas 23% das indústrias
consideravam reajustar preços.
Na pesquisa feita em julho deste
ano o percentual era de 37%.
Os dados são da Sondagem
Conjuntural da Indústria da
Transformação, da FGV (Fundação Getúlio Vargas). O levantamento aponta que apenas 3% das
empresas estudam reduzir preços
-49% prevêem mantê-los inalterados.
"É o efeito negativo da alta do
câmbio, que pressiona os custos
das empresas. Mas não quer dizer
que todas conseguirão aumentar.
Vai depender da demanda", afirmou Salomão Quadros, economista da FGV.
A pesquisa mostrou ainda que,
depois da pré-recessão anunciada
em julho, a indústria registrou
discreta melhora em outubro. Os
estoques das empresas caíram ligeiramente, a capacidade instalada das fábricas teve um pequeno
aumento e a demanda apontou
uma tímida recuperação.
"Não estamos mais na ante-sala
da recessão, como em julho, mas
não dá para imaginar ainda uma
arrancada da indústria", disse,
acrescentando que o setor vive recuperação "lenta e gradual". Para
Quadros, a demanda interna continua fraca, o que impede uma retomada mais firme da indústria.
Por mais contraditório que possa parecer, segundo Quadros, foi
justamente a alta do dólar que
permitiu a melhora. É que a demanda cresceu puxada pelas exportações -com impacto indireto também em setores não-exportadores- e o dólar mais caro permitiu o início de um processo de
substituição de importações.
A pesquisa, feita com 1.225 indústrias, revela que 10% dos empresários consideravam seus estoques excessivos em outubro,
contra 17% em julho. No caso da
demanda, 18% a consideram forte
agora. Em julho, eram 11%.
De junho para outubro, o uso da
capacidade das fábricas cresceu
de 79% para 80,4%. O índice está
longe, porém, dos 83% da pesquisa de janeiro de 1995, a primeira
feita no governo FHC.
Segundo Quadros, o que prova
que está havendo um processo de
substituição de importações é o
crescimento acima da média da
demanda por bens intermediários (insumos). Esses bens, em
parte, diz ele, passaram a ser comprados no país com a pressão do
câmbio.
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