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GUERRA VERDE
Ministro da Agricultura paraguaio afirma que ato do governo paranaense afeta a soberania de seu país
Paraguai faz queixa por apreensão de soja
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo do Paraguai apresentou queixa formal ao governo
brasileiro pelo bloqueio do embarque de soja transgênica pelo
porto de Paranaguá (PR) em decorrência da lei estadual que proibiu organismos geneticamente
modificados no Paraná. Os paraguaios estimam prejuízos de até
US$ 35 milhões com a decisão.
Ontem, em entrevista à Agência
Folha, o ministro da Agricultura
paraguaio, Antonio Ibáñez, 58,
disse que a apreensão de sua soja
transgênica em Paranaguá (PR)
era "uma questão de soberania".
"O porto de Paranaguá é paraguaio, um dos terminais é paraguaio. Há um acordo de 1956 que
tem total vigência, dando ao Paraguai o direito de administração e
controle naquele local", disse o
ministro, referindo-se a convênio
assinado em 1956 e que entrou em
vigor em 1957.
Questionado sobre o fato de,
sendo um território que o governo paraguaio considera seu, o
problema é de soberania, Ibáñez
afirmou: "Sim, é um problema de
soberania, nós sempre exercemos
nossos direitos naquele local, até
agora. Mas não afetará nossas ótimas relações. Confiamos em que
o governo brasileiro vai preservar
os direitos paraguaios".
Na segunda-feira, o governador
do Paraná, Roberto Requião
(PMDB), assinou lei que proíbe a
exportação de soja transgênica
pelo porto de Paranaguá. No dia
seguinte, um teste feito a pedido
do superintendente do porto,
Eduardo Requião, irmão do governador, indicou a presença de
grãos transgênicos numa carga de
soja paraguaia.
O embaixador do Paraguai no
Brasil, Luis González, toma atitude de cautela. "Não vamos transformar o episódio em motivo de
disputa", disse.
Ao relatar a queixa formal, os
ministros José Dirceu (Casa Civil)
e Roberto Rodrigues (Agricultura) não adiantaram qual seria a
reação do governo brasileiro.
"Não vejo prejuízo diplomático",
comentou Rodrigues. Segundo
ele, o Paraguai poderá exportar a
soja via Argentina.
O Paraná discorda da opinião
paraguaia, pois o governo do país
vizinho repassou a administração
do terminal para a multinacional
ADM. Isso desqualificaria a idéia
segundo a qual o governo paraguaio o gerencia.
Consumo interno
O Ministério da Agricultura
brasileiro vai investigar se a soja
que o Brasil compra do Paraguai e
destina ao mercado interno é
transgênica ou não. A decisão foi
anunciada ontem pelo delegado
do ministério no Paraná, Valmir
Kowalewski, e não é extensiva a
outros Estados.
"Foi uma decisão nossa, regional, adotada em comum acordo
com a Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária", disse Kowalewski, que descartou relação direta da decisão com a lei antitransgênicos assinada na segunda-feira por Requião.
Colaborou Mari Tortato, da Agência Folha, em Curitiba
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