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Alencar critica taxa e diz que não "consome nada"
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O vice-presidente, José Alencar,
voltou ontem a cobrar uma redução expressiva da taxa de juros da
economia e disse que está ganhando "tão pouco" que vem se
transformando em "um péssimo
consumidor", não gastando nada.
Quebrando promessa que afirmou ter feito à mulher antes de
sair de casa, de não falar sobre juros, Alencar defendeu na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados uma taxa de
juros real (descontada a inflação)
de 3%. Hoje a taxa real está em
12% ao ano, considerando a perspectiva de inflação futura.
Diante da pergunta sobre se
concordava com o presidente do
BC, Henrique Meirelles -que no
mesmo instante participava de
audiência em outra comissão, a
poucos metros de Alencar-, para quem as últimas reduções dos
juros já estariam chegando aos
consumidores, o vice-presidente
deu a seguinte resposta: "Ultimamente sou um péssimo consumidor, ganho tão pouco que não estou consumindo nada".
Alencar, que é dono de uma das
maiores empresas têxteis do país,
a Coteminas, recebe na Vice-Presidência R$ 8.000 brutos ao mês.
O vice-presidente é um dos
principais defensores no governo
de quedas mais expressivas dos
juros. Segundo seus argumentos,
os empresários brasileiros não
conseguem competir com correntes externos que têm acesso a
juros bem menores.
"O maior fator de velhice é a angústia, que é provocada pelo sentimento não-liberado. Nós, homens públicos, temos que liberar
nossos sentimentos", afirmou, ao
defender a "denúncia" coletiva
contra os juros altos.
Alencar criticou também os juros cobrados pelos bancos, ao
afirmar que a atividade econômica que recorrer a banco acabará
não dando certo.
Ele esteve na Câmara para falar
da Alca e do Mercosul. Em relação
à Alca, defendeu que as diretrizes
da negociação brasileira com os
demais países seja definida ouvindo-se o empresariado.
"Não é entregar para que as empresas façam as negociações. Que
sejam conduzidas pelo governo,
por meio do Itamaraty, mas a matéria-prima tem que sair de quem
sabe, e quem sabe é quem produz,
exporta e conhece o mercado internacional", afirmou.
A assessoria do Itamaraty afirmou que já há fóruns de consulta
empresarial nas negociações referentes à Alca, com o Mercosul e
com a União Européia.
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