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São Paulo, quinta-feira, 30 de outubro de 2003

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Alencar critica taxa e diz que não "consome nada"

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O vice-presidente, José Alencar, voltou ontem a cobrar uma redução expressiva da taxa de juros da economia e disse que está ganhando "tão pouco" que vem se transformando em "um péssimo consumidor", não gastando nada.
Quebrando promessa que afirmou ter feito à mulher antes de sair de casa, de não falar sobre juros, Alencar defendeu na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados uma taxa de juros real (descontada a inflação) de 3%. Hoje a taxa real está em 12% ao ano, considerando a perspectiva de inflação futura.
Diante da pergunta sobre se concordava com o presidente do BC, Henrique Meirelles -que no mesmo instante participava de audiência em outra comissão, a poucos metros de Alencar-, para quem as últimas reduções dos juros já estariam chegando aos consumidores, o vice-presidente deu a seguinte resposta: "Ultimamente sou um péssimo consumidor, ganho tão pouco que não estou consumindo nada".
Alencar, que é dono de uma das maiores empresas têxteis do país, a Coteminas, recebe na Vice-Presidência R$ 8.000 brutos ao mês.
O vice-presidente é um dos principais defensores no governo de quedas mais expressivas dos juros. Segundo seus argumentos, os empresários brasileiros não conseguem competir com correntes externos que têm acesso a juros bem menores.
"O maior fator de velhice é a angústia, que é provocada pelo sentimento não-liberado. Nós, homens públicos, temos que liberar nossos sentimentos", afirmou, ao defender a "denúncia" coletiva contra os juros altos.
Alencar criticou também os juros cobrados pelos bancos, ao afirmar que a atividade econômica que recorrer a banco acabará não dando certo.
Ele esteve na Câmara para falar da Alca e do Mercosul. Em relação à Alca, defendeu que as diretrizes da negociação brasileira com os demais países seja definida ouvindo-se o empresariado.
"Não é entregar para que as empresas façam as negociações. Que sejam conduzidas pelo governo, por meio do Itamaraty, mas a matéria-prima tem que sair de quem sabe, e quem sabe é quem produz, exporta e conhece o mercado internacional", afirmou.
A assessoria do Itamaraty afirmou que já há fóruns de consulta empresarial nas negociações referentes à Alca, com o Mercosul e com a União Européia.


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