São Paulo, sábado, 30 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COMÉRCIO EXTERIOR

Volume vendido até setembro deste ano já supera o de 2003 inteiro

Exportação de carne bovina é recorde

LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O volume recorde de carne bovina exportada pelo Brasil de janeiro a setembro já atingiu o total das vendas realizadas em 2003, segundo levantamento divulgado ontem pela CNA. Em relação ao mesmo período do ano passado, a quantidade (1,33 milhão de toneladas) é 43% maior, e o valor (US$ 1,798 bilhão), 77% mais alto, impulsionado pela recuperação dos preços internacionais. As exportações, porém, estão focadas em mercados de baixa rentabilidade.
Nem o embargo russo, iniciado em setembro, brecou as exportações, informou a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). O país autorizou o embarque dos contratos já firmados e foi o maior importador do produto brasileiro naquele mês, consumindo 12% das vendas.
De acordo com Antenor Nogueira, presidente do Fórum Nacional de Pecuária de Corte da entidade, o resultado deve se repetir neste mês, pois ainda existem "muitos contratos que não foram encerrados".
Com o resultado, o Brasil assumiu a vantagem de vendas em volume no mercado internacional, com 43% de exportações acima da segunda colocada, a Austrália, que vendeu 930 mil toneladas. Em 2003, a relação era menor (12%), sendo que o Brasil foi responsável por 19% de toda a carne consumida no mundo -neste ano, segundo a CNA, deve chegar a 25%.
A vantagem pára por aí. Os australianos têm acesso a mercados como Japão, Tigres Asiáticos e Estados Unidos. Eles têm restrições sanitárias em relação ao produto do Brasil. Segundo Nogueira, o país consegue US$ 2.000 por tonelada de carne exportada, enquanto a Austrália vende a tonelada por até US$ 6.000.
Assim, apesar de em 2003 ter vendido em volume 12% a mais do que a Austrália, o saldo brasileiro ficou em US$ 1,5 bilhão em exportação de carne bovina, enquanto a Austrália superou a marca de US$ 3 bilhões.
A abertura desses mercados ainda não está no cenário de curto prazo. Os Estados Unidos, por exemplo, estão analisando a questão, mas devem dar uma resposta ao Brasil somente no fim de 2005.
A baixa rentabilidade, segundo Nogueira, também atinge o produtor. Enquanto para exportação a tonelada de carne in natura subiu de US$ 1.736 para US$ 2.153, e a industrializada, de US$ 1.924 para US$ 2.191, o valor do produto no campo caiu em até 10% em alguns Estados.


Texto Anterior: Opinião econômica - Gesner Oliveira: Armadilha dos juros
Próximo Texto: Nova divisão no mercado mundial prejudica o Brasil
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.