São Paulo, sábado, 30 de outubro de 2004

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VÔO DA ÁGUIA

Alta de 3,7% foi maior que a do 2º trimestre, mas analistas previam até 5%; gastos das famílias cresceram 4,6%

Consumo eleva PIB americano, mas abaixo do esperado

DA REDAÇÃO

A economia norte-americana cresceu 3,7%, a uma taxa anualizada, no terceiro trimestre deste ano. Influenciado principalmente pelo consumo das famílias, o resultado representa um aumento no ritmo de crescimento da maior economia mundial. Analistas, no entanto, esperavam uma alta maior, de até 5%.
O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA supera os 3,3% do registrados no trimestre passado, informou o Departamento de Comércio ontem.
A alta do PIB norte-americano foi impulsionada, sobretudo, pelo incremento dos gastos das famílias, que respondem por dois terços do PIB. No trimestre, o aumento foi de 4,6%, contra 1,6% no segundo trimestre. Segundo economistas, os incentivos dados à indústria automobilística ajudaram a elevar as vendas. Os gastos com esse tipo de produto subiram 16,8 % no trimestre, comparado com 0,3% no período anterior.
A inflação do período também contribuiu para um resultado positivos no consumo famílias. A taxa do trimestre foi de 1,1%. Já a do segundo trimestre foi de 2,1%.
O cenário indica que há menos pressões inflacionárias sobre a decisão do Fed (banco central dos EUA) de aumentar mais uma vez os juros no país. O índice preferido pela instituição recuou de 1,7% para 0,7% neste trimestre.
Com a economia nos trilhos, a perspectiva é que o comando do banco continue com o movimento de elevação das taxas dos níveis extremamente baixos para amainar os riscos de inflação.
Segundo analistas, o desempenho da economia não foi melhor devido ao grande déficit comercial do país -a balança comercial americana ficou negativa em US$ 54 bilhões em agosto. O déficit impediu um aumento de 0,62 pontos percentuais de aumento.
Também contribuiu negativamente para o resultado a redução dos investimentos das indústrias na formação de estoques, que impediram o PIB de crescer 0,48 %. Os gastos do governo cresceram 1,4%, abaixo dos 2,2% registrados no trimestre anterior.
"A economia está no meio da linha. Nós não estamos muito rápidos nem estamos desacelerando", afirmou Richard Yamarone", economista-chefe da Argus Research Corporation.

Eleições
Os números poderão dar munição a ambos os lados da disputa presidencial. O secretário do Tesouro, John Snow, disse que a administração sentia-se "encorajada pela boa performance da economia americana". A campanha do opositor John Kerry denuncia que "o desempenho foi decepcionante para classe média e ficou abaixo das expectativas".
Outros dados da economia norte-americana, divulgados ontem, mostraram que os gastos dos trabalhadores cresceram na mesma taxa do trimestre anterior, 0,9%.
Apesar do crescimento econômico, a recuperação do nível de emprego segue lenta. Foram criados um milhão de empregos desde o ano passado, mas 820 mil trabalhadores perderam o emprego desde 2001.
Dados do Departamento de Trabalho dos EUA indicam que a elevação dos custos de benefícios sociais concedidos pelos empregadores possam impedir as empresas de contratar.
Os custos desses benefícios cresceram 6,8% neste trimestre, abaixo do registrado em no segundo trimestre, mas indicam dificuldades para as empresas.
"Benefícios mais altos, de pensões e planos de saúde continuam um grande problemas para os empregadores", disse Rakesh Shankar, analista da consultoria Economy.com.
Por enquanto, a economia ainda não sentiu os efeitos do aumento dos preços da energia, que serão uma nova preocupação para o crescimento dos EUA.


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