São Paulo, domingo, 30 de outubro de 2005

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MERCADO ABERTO

Aftosa é "apagão" de Lula, diz Delfim

O deputado Delfim Netto (PMDB-SP) se cansou de apostar no governo. Depois de dar diversas idéias não aproveitadas, Delfim não disfarça mais sua desilusão com os rumos tomados pelo governo, principalmente na economia. Para ele, a gota d'água foi o caso da febre aftosa, que ele compara à crise energética ocorrida no governo FHC. "A aftosa foi o apagão de Lula", diz Delfim.
Segundo ele, foram vários os descaminhos do governo nesses quase três anos, e a crise da aftosa, a seu ver, reflete o fracasso dessa administração. "A cada dia se tem uma desilusão terrível", diz Delfim. "O que se vê é que todas as convicções que poderiam produzir bons resultados foram dizimadas pela demagogia."
Delfim acha que o caso da aftosa exige investigação profunda, a começar pela qualidade da vacina. Além disso, acha que deveriam ser impostas multas aos pecuaristas, além de sanções a municípios, Estados e até à União, por não terem evitado o problema. "A aftosa foi um escândalo."
Descrente de que o governo venha a adotar qualquer plano de ajuste fiscal mais forte, como o que começou a ser preparado na semana passada pela equipe econômica e como o que ele propôs há pouco tempo, Delfim acha que o governo ainda se prende a muitos mitos do passado.
Para ele, o governo ainda acredita, por exemplo, no mito de que só pode crescer até 3,5% ao ano; no mito de que, com o aumento do salário mínimo, pode resolver o problema da distribuição de renda; no de que, com 4,25% de superávit primário, pode gastar mais em programas sociais; no de que a dívida pública não tem efeito sobre as taxas de juros e que, por isso, pode ter juro real de 14% ao ano; e no mito de que a taxa de câmbio supervalorizada aumenta a produtividade. "Um governo que acredita em tudo isso tem que fazer uma pajelança eterna, e sem produzir resultado nenhum", diz Delfim.
O que mais o revolta é que o país desperdiçou uma oportunidade única, de grande crescimento do mundo. "O Brasil ficou esperando a banda passar", diz Delfim. "Quando o mundo murchar, nós vamos murchar mais depressa ainda."

FED ENCOLHIDO
"Querida, encolheram o Fed." Esse é o título da capa da revista "Business Week" desta semana, que trata da mudança no comando do BC americano e afirma que Ben Bernanke irá presidir um Fed diferente, com influência e relevância reduzida em relação àquele que Alan Greenspan encontrou em 1987. Primeiro porque Bernanke pertence ao time de economistas que defendem que os BCs devem se concentrar no combate à inflação e reduzir seu campo de atuação. E também porque os crescentes fluxos financeiros internacionais tornam mais restrita a autoridade do Fed.

NEGÓCIOS À MESA
O Bistrô Charlô, nos Jardins, em SP, encontrou no mundo corporativo um complemento para seus negócios. O espaço anexo da casa tem sido palco de reuniões de empresários, apresentações de companhias e cafés da manhã empresariais. Recentemente, o restaurante implementou uma mudança no cardápio para adequá-lo ao gosto do público que busca manter a forma. A casa do chef Charlô Whately, sócio também do restaurante do Jockey Club, criou um menu com pratos leves para os dias de semana, de olho, principalmente, no público feminino. "Criamos saladas para servir de entrada ou prato principal", diz.

EMPREGO
O nível de emprego da construção pesada registrou alta de 2,01% em setembro, com a admissão de 664 trabalhadores, em relação a agosto. Segundo o Sinicesp (sindicato da indústria da construção pesada de SP), na comparação com setembro de 2004, houve alta de 3,31%, com a abertura de 1.078 vagas.

A ALMA DO BRASILEIRO
O celular foi o produto que mais mudou a vida do brasileiro nos últimos anos, a internet, o segundo, e o computador, o terceiro. A maior facilidade ao crédito mudou pouco a vida do brasileiro. Essas conclusões constam de ampla pesquisa quantitativa e qualitativa realizada pela agência de propaganda Ogilvy Brasil em setembro. Foram ouvidas 900 pessoas, e o objetivo do trabalho, chamado de "Listening Post", é mapear a alma nacional. Segundo Sérgio Amado, presidente da agência, a intenção é entender a cabeça do brasileiro para se comunicar melhor com ele. A pesquisa é feita há 30 anos pela agência, mas há dez não era divulgada. Pelo que se apurou até agora, o celular foi o produto que mais mudou a vida do brasileiro em todas as classes (63% nas A e B, 68% na C e 50% na D). "O celular virou instrumento de trabalho", diz Amado. A internet teve 45% nas A e B, 32% na C e 16% na D. O computador mudou para os mais ricos (46% nas A e B, 21% na C e 11% na D). Já a facilidade de crédito só foi importante para os mais carentes (11% na A e 25% na D).

DEFASAGEM DO AÇO
Os preços do aço no Brasil ainda estão 20% acima da média mundial em razão da valorização do real. A conclusão consta de um estudo elaborado pela Abimaq (indústria de máquinas) para mostrar as relações entre os setores siderúrgico e o de máquinas. O trabalho, da economista Patrícia Marrone, descreve o comportamento do setor siderúrgico nos últimos anos, com destaque para os fatores que influenciaram o custo dos insumos para a fabricação de máquinas, como produção, demanda, câmbio e preços internacionais.

DE OLHO NO PAÍS
Grandes grupos internacionais começam a observar a abertura do mercado de resseguros no Brasil, prevista em projeto de lei no Congresso. Executivos das principais companhias do setor, entre elas Swiss Re, Munich Re, Mapfre Re e XL Re, desembarcam no Brasil de 8 a 10 de novembro para palestras na 3ª edição da Conseguro (Conferência Brasileira de Seguros, Resseguros, Previdência Privada e Capitalização), maior evento do setor no país. O evento acontece no Grand Hyatt, em São Paulo.


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