São Paulo, domingo, 30 de outubro de 2005

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TURISMO

Ao encurtar distâncias e baratear o passeio, alternativa torna o Brasil um destino mais atraente, dizem operadores

Vôo charter dobra vinda de turista estrangeiro

FABÍOLA SALANI
DA REDAÇÃO

Mais do que dobrou o desembarque de passageiros estrangeiros por vôos charters nos últimos dois anos no Brasil. A reboque desse fenômeno, novos vôos internacionais regulares foram confirmados nos últimos meses e novos hotéis foram e ainda serão inaugurados na costa do país.
De janeiro a agosto de 2003, 97.350 passageiros desembarcaram em vôos fretados internacionais no Brasil. Neste ano, o total subiu para 251.300 no mesmo período, segundo dados da Infraero -um crescimento de 158%.
"O vôo charter cria as condições para o vôo regular", afirma Jeanine Pires, diretora de turismo de negócios e eventos da Embratur.
E, segundo ela, o fenômeno é mais visível no Nordeste, para onde se dirigiram, em julho, 28 vôos fretados semanais, além dos regulares. Os números de desembarques confirmam: em 2002, foram 61.100 passageiros vindos por charters ao Nordeste brasileiro, ante 214.800 turistas em 2004.
Fortaleza foi a cidade que mais recebeu vôos fretados internacionais em julho, com nove pousos semanais, seguida por Natal, com oito, e Porto Seguro, com seis.
"São vários fatores: o turista estrangeiro tem um perfil de procurar por sol e mar, e o Nordeste é quente o ano todo. Além disso, vir por vôo direto encurta a viagem no caso do europeu ou do americano", disse a diretora da Embratur. De fato, a viagem direta de Lisboa para Natal dura pouco mais de sete horas, mas o tempo sobe para 13 horas só no avião se o turista tiver de ir antes até São Paulo e então à capital potiguar.
Para o presidente da Abih-Ceará (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis), Eliseu Barros, o vôo charter ajuda a atrair mais turistas estrangeiros também ao baratear o pacote, facilitando a vinda especialmente de europeus.
"Hoje, há períodos em que a fatia de estrangeiros em alguns hotéis chega a 20%", afirmou Barros, lembrando que, antes da "explosão" de turistas internacionais, a presença de estrangeiros se limitava a 4% do total de hóspedes.
Portugal é o campeão de emissões de passagens. Do cerca de 1 milhão de portugueses que viajam ao ano, 56% vêm ao Brasil, segundo Luís Tonicha, diretor de contratação da operadora portuguesa Viagens Abreu. "Tenho clientes que vão de seis a sete vezes por ano ao Brasil", afirma o executivo.
De olho nesse filão, a TAP iniciou em junho deste ano seu 40º vôo semanal para o Brasil.
E a companhia de fretamentos da TAP, a White, ocupa um terço de suas operações com vôos para o Brasil. Natal, em primeiro lugar, Recife e Fortaleza são as cidades para onde a companhia voa preferencialmente. No ano passado, a White operou 67 vôos para o Brasil. Neste ano, foram 92 até o final de setembro e a previsão é fechar o ano com 106 vôos para o Brasil.
E há nacionais nesse mercado. A BRA está operando fretamentos semanais que ligam o Brasil a Portugal, à Alemanha e à Suécia.

Qualificado
Segundo Jeanine Pires, da Embratur, o turista que viaja por vôo charter é mais qualificado. "Ele normalmente não vem sozinho e usualmente está com a família."
E é em busca desse turista mais qualificado que os governos estão. "Estamos investindo para atrair turistas para a parte cultural, gastronômica e de esportes náuticos", afirmou o secretário de Turismo de Pernambuco, Alfredo Bertini. Segundo ele, um turista que se interesse por mais do que simplesmente sol e mar diversifica os passeios e até seus gastos.


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