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Instalação e vídeo reduzem seguro na Bienal
Baixo custo e quantidade menor de obras diminuem gasto com apólice em mostra de artes de SP em relação à de 2004
Instalações criadas para
o evento e que serão
destruídas depois e cópias
do original em vídeo ajudam
a cortar valor do seguro
JOANA CUNHA
DA REPORTAGEM LOCAL
O valor cobrado pelo seguro
das obras da 27ª Bienal Internacional de São Paulo foi mais
baixo do que o da última mostra, de 2004. O valor total das
obras expostas também foi menor. A diferença pode ser explicada pela maior quantidade de
instalações apresentadas neste
ano.
A AGF, que fez o seguro de
cerca de 90% das obras desta
exposição -o restante já possuía seguro-, não declara o valor da apólice. A redução chega
a ser de 20%, segundo André
Vidigal, corretor da consultoria
de seguros KEF, que trabalhou
no seguro desta Bienal e da última. Ele afirma que as causas da
redução foram a maior quantidade de artistas novos e o baixo
custo das obras, especialmente
instalações.
Segundo ele, os vídeos também contribuem para a queda
no valor do seguro, já que são
expostas as cópias do trabalho
original. Outra causa foi o menor número de pinturas, que,
quando danificadas, exigem
processos de restauração mais
custosos para a seguradora.
A avaliação do risco a que as
obras ficam submetidas em exposições dessa dimensão é feita
"prego a prego", ou seja, a seguradora considera qualquer possibilidade de lesão desde que a
peça deixa a parede do proprietário até o momento em que ela
volta para sua origem. No caso
das instalações, o risco de danos é menor, pois a maioria é
construída no próprio espaço, e
muitas serão destruídas quando terminar o evento.
Para chegar ao valor final do
seguro, o consultor analisa o
número de visitantes que o
evento receberá, as condições
de segurança, acondicionamento e transporte das obras, a
especialização das companhias
marítimas, se os caminhões são
rastreados, a montagem e desmontagem da exposição e outros fatores. A seguradora recebe a análise do corretor e faz o
cálculo atuarial do risco.
Para o presidente da Fundação Bienal, Manuel Francisco
Pires da Costa, a redução do seguro é natural. "A opção da curadoria foi por obras contemporâneas, particularmente as
instalações, que têm um valor
inferior. Na 26ª havia mais telas. É a justificativa maior."
Neste ano, 32 artistas apresentam vídeo, 57 participam
com instalação ou escultura e
só 20 enviaram pintura ou desenho para a Bienal.
Para Ana Cristina Miranda,
especialista em aspectos mercadológicos da arte, da USP, a
própria arte contemporânea
impõe dificuldade para a avaliação. "É uma Bienal indagadora, de idéias. Seguro de idéias
é complicado, é intangível", diz.
Outro aspecto que explica o
menor valor, segundo Elvira
Vernaschi, presidente da ABCA
(Associação Brasileira dos Críticos de Arte), é a "efemeridade" das obras. Muitas foram
criadas especificamente para o
espaço da 27ª Bienal e não serão usadas em outra ocasião.
Até agora, só houve um incidente para a seguradora da Bienal. No dia 12, quando a mostra
recebeu 23.273 visitantes, uma
das obras do artista mexicano
Damian Ortega foi derrubada.
Segundo André Vidigal, a recuperação deve custar cerca de
US$ 5.800 para a seguradora.
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