São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2006

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EUA investigam risco de fundos de hedge

Henry Paulson, secretário de Tesouro americano, diz que as autoridades precisam saber se há liquidez suficiente no sistema

Pressões sobre o setor se intensificaram desde que fundo perdeu US$ 6,6 bi devido a apostas em contratos de gás natural

DA BLOOMBERG

As autoridades reguladoras dos Estados Unidos precisam investigar o setor de fundos de hedge, que movimenta US$ 1,3 trilhão ao ano, para garantir que os investidores estão protegidos e que os riscos sistêmicos que eles possam representar são conhecidos, disse o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson.
As autoridades reguladoras norte-americanas precisam descobrir se "há transparência suficiente" nos fundos de hedge, disse Paulson, "e se há liquidez suficiente no sistema".
O Departamento do Tesouro dos EUA está liderando uma força-tarefa que investiga o impacto dos fundos de hedge sobre os mercados financeiros. Essa investigação também envolve a Securities and Exchange Commission (SEC, órgão que regulamenta as bolsas norte-americanas), o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) e a Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities dos EUA.
As pressões para regulamentar o setor de fundos de hedge se intensificaram desde o colapso, em setembro, da Amaranth Advisors LLC, empresa de Greenwich, Connecticut, que perdeu US$ 6,6 bilhões - a maior quantia já perdida por um fundo de hedge - devido a apostas em contratos de gás natural.
O presidente da Comissão de Finanças do Senado, Charles Grassley, disse a Paulson este mês que os fundos de hedge representam um risco demasiado alto para os fundos de pensão dos EUA e pediu que ele encontrasse maneiras de aumentar a transparência do setor.
Algumas autoridades reguladoras expressaram cautela em relação à imposição de regras para os fundos, compostos por pools de capital privado que permitem a seus administradores abocanhar uma fatia substancial dos ganhos sobre os investimentos feitos em nome de seus clientes. Elas disseram que esses fundos, destinados a investidores ricos e sofisticados, fornecem a liquidez necessária aos mercados.
"Nós precisamos ficar atentos e nos certificar de que estamos considerando todos os vários riscos e que temos muita cautela com relação a esse setor (de fundos)", disse Paulson. "Esse é um setor que acrescentou muito para os mercados de capital e que representou uma força positiva."

O colapso
No ano passado, a Amaranth chegou a computar ganho de cerca de US$ 1 bilhão devido à alta dos preços de energia. Mas o mercado de commodities virou, entrando em um período de baixa.
Em setembro, a venda de ativos de energia com forte desconto, como forma de tentar evitar o encerramento das atividades do fundo, trouxe novos prejuízos à aplicação, estimados em aproximadamente US$ 1,5 bilhão.
Os "hedge funds" são aplicações mais agressivas e especulativas. O patrimônio do Amaranth era estimado em mais de US$ 9,2 bilhões e era um dos maiores "hedge funds" americanos.
Entre seus investidores estavam algumas das principais instituições financeiras do mundo, como fundos pertencentes ao Morgan Stanley, ao Credit Suisse e ao Goldman Sachs, entre outros.
O Amaranth não é a primeira vítima da crise das commodities. Em agosto, o fundo MotherRock LP, com uma carteira de cerca de US$ 400 milhões, teve de ser fechado.
Antes conhecidos pela escassez de informações públicas e alavancagem elevada, alguns fundos começam a ser avaliados por agências de "rating" e a procurar investimentos que, embora mais modestos, tenham rendimento consistente.


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