São Paulo, quarta-feira, 30 de novembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FREADA

Organização revê estimativa de expansão de 3,6% para 3,2% em 2005, mas elogia fundamentos da economia

OCDE reduz previsão de crescimento do país

MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O mundo crescerá mais rápido que o previsto neste ano, enquanto o Brasil deve ter desempenho aquém do previsto há apenas alguns meses. As previsões são da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), instituição que agrega representantes de 30 países, a maioria desenvolvidos.
No final da semana passada, a organização já havia revisto para cima sua previsão de crescimento mundial de 2,6% para 2,7% neste ano. As projeções para 2006 e 2007 também subiram para 2,9% ao ano. Ontem, a OCDE divulgou suas projeções para os 30 países do grupo e para emergentes como Brasil, Rússia e China.
No caso do Brasil, houve redução da projeção de crescimento de 3,6% para 3,2%, apesar da avaliação que a OCDE faz da situação econômica no Brasil ser positiva. "A combinação de fundamentos econômicos mais sólidos e capacidade de recuperação renovada indica crescimento maior no médio prazo", diz relatório.
O crescimento da economia se aceleraria um pouco a partir de 2006, quando chegaria a 3,7%, e em 2007, com taxa de expansão do PIB de 3,9%. As duas grandes economias emergentes, a China e a Rússia, crescerão bem mais rápido, afirma a OCDE, com taxas de 9,4% e 5,7% em 2006, respectivamente.
O relatório elogia a política de ajuste fiscal do Brasil, mas alerta para a possibilidade de o governo usar a economia de recursos para aumentar os gastos públicos no final deste ano. "O superávit primário está bem acima da meta de 4,25% do PIB, principalmente por conta do aumento da arrecadação. Seria aconselhável usar essa economia adicional para reduzir a dívida pública."
Apesar de reduzir a projeção para este ano, a OCDE segue relativamente mais otimista do que analistas brasileiros, que projetam queda ou estabilidade do PIB no terceiro trimestre e prevêem resultados já inferiores a 3% para o PIB de 2005, por conta dos resultados ruins da indústria.
Os números do terceiro trimestre serão divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). As projeções variam de queda de 0,8% a estabilidade em relação ao segundo trimestre. Independentemente do resultado, a divulgação deve causar grande número de revisões nas projeções para este ano.
A boa notícia da OCDE é que o cenário para os dois próximos anos, por enquanto, parece mais róseo do que o anteriormente previsto. O aperto monetário nos EUA e a alta nos preços do petróleo haviam alterado o humor de analistas e investidores, mas, aos poucos, a avaliação foi mudando. Agora, as projeções são que a economia mundial, por exemplo, crescerá um pouco mais rápido do que neste ano.
Em 2005, prevê a OCDE, o comércio deverá aumentar 7,3%. A taxa de crescimento para os próximos dois anos é de pouco mais de 9%. Apesar de efeitos negativos do forte crescimento global nos últimos anos, o relatório avalia que os preços continuam estáveis na maior parte do globo, o que sugere que as economias podem continuar crescendo sem gerar grandes pressões. "O crescimento global tem sido excepcionalmente vigoroso, alimentando grandes aumentos nos mercados de petróleo e de outras commodities", relata o documento.
Mas, apesar da pressão inflacionária inicial, "a ausência de efeitos secundários é exemplificada pelo comportamento estável dos núcleos de inflação", diz a OCDE. Com preços estáveis, prevê a organização, o dinamismo das economias da Ásia e do EUA podem inclusive ajudar na recuperação das economias da Europa, que crescem mais devagar.
Os principais riscos para esse cenário, alerta a instituição, continuam sendo o desequilíbrio externo da economia norte-americana e uma nova onda de alta nos preços do petróleo.


Texto Anterior: Tecnologia: Suprema Corte americana julgará eBay
Próximo Texto: Financeiras pedem isenção de IR a estrangeiro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.