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FREADA
Organização revê estimativa de expansão de 3,6% para 3,2% em 2005, mas elogia fundamentos da economia
OCDE reduz previsão de crescimento do país
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O mundo crescerá mais rápido
que o previsto neste ano, enquanto o Brasil deve ter desempenho
aquém do previsto há apenas alguns meses. As previsões são da
OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento
Econômico), instituição que agrega representantes de 30 países, a
maioria desenvolvidos.
No final da semana passada, a
organização já havia revisto para
cima sua previsão de crescimento
mundial de 2,6% para 2,7% neste
ano. As projeções para 2006 e
2007 também subiram para 2,9%
ao ano. Ontem, a OCDE divulgou
suas projeções para os 30 países
do grupo e para emergentes como
Brasil, Rússia e China.
No caso do Brasil, houve redução da projeção de crescimento
de 3,6% para 3,2%, apesar da avaliação que a OCDE faz da situação
econômica no Brasil ser positiva.
"A combinação de fundamentos
econômicos mais sólidos e capacidade de recuperação renovada
indica crescimento maior no médio prazo", diz relatório.
O crescimento da economia se
aceleraria um pouco a partir de
2006, quando chegaria a 3,7%, e
em 2007, com taxa de expansão
do PIB de 3,9%. As duas grandes
economias emergentes, a China e
a Rússia, crescerão bem mais rápido, afirma a OCDE, com taxas
de 9,4% e 5,7% em 2006, respectivamente.
O relatório elogia a política de
ajuste fiscal do Brasil, mas alerta
para a possibilidade de o governo
usar a economia de recursos para
aumentar os gastos públicos no final deste ano. "O superávit primário está bem acima da meta de
4,25% do PIB, principalmente por
conta do aumento da arrecadação. Seria aconselhável usar essa
economia adicional para reduzir
a dívida pública."
Apesar de reduzir a projeção
para este ano, a OCDE segue relativamente mais otimista do que
analistas brasileiros, que projetam queda ou estabilidade do PIB
no terceiro trimestre e prevêem
resultados já inferiores a 3% para
o PIB de 2005, por conta dos resultados ruins da indústria.
Os números do terceiro trimestre serão divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). As projeções
variam de queda de 0,8% a estabilidade em relação ao segundo trimestre. Independentemente do
resultado, a divulgação deve causar grande número de revisões
nas projeções para este ano.
A boa notícia da OCDE é que o
cenário para os dois próximos
anos, por enquanto, parece mais
róseo do que o anteriormente
previsto. O aperto monetário nos
EUA e a alta nos preços do petróleo haviam alterado o humor de
analistas e investidores, mas, aos
poucos, a avaliação foi mudando.
Agora, as projeções são que a economia mundial, por exemplo,
crescerá um pouco mais rápido
do que neste ano.
Em 2005, prevê a OCDE, o comércio deverá aumentar 7,3%. A
taxa de crescimento para os próximos dois anos é de pouco mais
de 9%. Apesar de efeitos negativos do forte crescimento global
nos últimos anos, o relatório avalia que os preços continuam estáveis na maior parte do globo, o
que sugere que as economias podem continuar crescendo sem gerar grandes pressões. "O crescimento global tem sido excepcionalmente vigoroso, alimentando
grandes aumentos nos mercados
de petróleo e de outras commodities", relata o documento.
Mas, apesar da pressão inflacionária inicial, "a ausência de efeitos
secundários é exemplificada pelo
comportamento estável dos núcleos de inflação", diz a OCDE.
Com preços estáveis, prevê a organização, o dinamismo das economias da Ásia e do EUA podem
inclusive ajudar na recuperação
das economias da Europa, que
crescem mais devagar.
Os principais riscos para esse
cenário, alerta a instituição, continuam sendo o desequilíbrio externo da economia norte-americana e uma nova onda de alta nos
preços do petróleo.
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