São Paulo, quarta-feira, 30 de novembro de 2005

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Dólar não responde a leilões e cai mais 0,6%

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

As intervenções do BC no mercado futuro ontem e na segunda não surtiram o efeito de ajudar a apreciar o dólar. Pelo contrário: nos dois últimos dias, o dólar caiu 2%. Ontem, fechou a R$ 2,189. E analistas financeiros advertem que, se o BC não intensificar suas atuações no mercado futuro, o dólar vai seguir em baixa.
A entrada de recursos no mercado, resultante dos saldos positivos da balança comercial e de captações no exterior, além das especulações de estrangeiros a favor do real, tem dificultado a alteração de tendência do câmbio.
"Se o BC não passar a ser mais agressivo em suas atuações, o dólar vai descer ainda mais e poderá chegar aos R$ 2,10", afirma Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management.
Ontem, o dólar caiu 0,59%.
A captação de US$ 500 milhões no exterior feita pelo Tesouro Nacional ontem também favoreceu o movimento de queda do dólar.
O BC comprou do mercado futuro, por meio de leilão de "swap cambial reverso", mais de US$ 1 bilhão nos últimos dois dias. Hoje, venderá mais US$ 600 milhões.
As instituições financeiras que compram "swap cambial reverso" recebem do BC uma taxa de juros e pagam a variação do câmbio. Em um contrato de "swap cambial" normal, ocorre o contrário. O "swap" é um contrato por meio do qual cada uma das pontas que o negociam paga a variação de uma taxa ou um ativo e recebe a de outro -câmbio e juros, por exemplo.
Maia afirma que "os estrangeiros estão ainda fortemente posicionados a favor do real", o que dificulta a valorização do dólar. Isso significa que os estrangeiros detêm contratos com os quais lucram mais se o real permanecer apreciado. É como se só o BC quisesse comprar dólares e o mercado preferisse vender a moeda estrangeira. Dessa forma, a tendência é o dólar se desvalorizar.
Diferentemente de outras épocas, o mercado brasileiro não sofreu influência negativa nas mudanças no Ministério da Economia argentino. "Os investidores têm demonstrado que aprenderam a diferenciar a Argentina do Brasil. A troca do ministro da Economia não nos contaminou, como ocorria pelo menos até 2002", diz Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora Sênior.
Ontem, a Bovespa fechou com alta de 0,94%. O risco-país brasileiro chegou ao fim do dia aos 344 pontos, baixa de 0,58%.


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