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Dólar não responde a
leilões e cai mais 0,6%
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
As intervenções do BC no mercado futuro ontem e na segunda
não surtiram o efeito de ajudar a
apreciar o dólar. Pelo contrário:
nos dois últimos dias, o dólar caiu
2%. Ontem, fechou a R$ 2,189. E
analistas financeiros advertem
que, se o BC não intensificar suas
atuações no mercado futuro, o
dólar vai seguir em baixa.
A entrada de recursos no mercado, resultante dos saldos positivos da balança comercial e de captações no exterior, além das especulações de estrangeiros a favor
do real, tem dificultado a alteração de tendência do câmbio.
"Se o BC não passar a ser mais
agressivo em suas atuações, o dólar vai descer ainda mais e poderá
chegar aos R$ 2,10", afirma Alexandre Maia, economista-chefe
da Gap Asset Management.
Ontem, o dólar caiu 0,59%.
A captação de US$ 500 milhões
no exterior feita pelo Tesouro Nacional ontem também favoreceu
o movimento de queda do dólar.
O BC comprou do mercado futuro, por meio de leilão de "swap
cambial reverso", mais de US$ 1
bilhão nos últimos dois dias. Hoje, venderá mais US$ 600 milhões.
As instituições financeiras que
compram "swap cambial reverso" recebem do BC uma taxa de
juros e pagam a variação do câmbio. Em um contrato de "swap
cambial" normal, ocorre o contrário. O "swap" é um contrato
por meio do qual cada uma das
pontas que o negociam paga a variação de uma taxa ou um ativo e
recebe a de outro -câmbio e juros, por exemplo.
Maia afirma que "os estrangeiros estão ainda fortemente posicionados a favor do real", o que
dificulta a valorização do dólar.
Isso significa que os estrangeiros
detêm contratos com os quais lucram mais se o real permanecer
apreciado. É como se só o BC quisesse comprar dólares e o mercado preferisse vender a moeda estrangeira. Dessa forma, a tendência é o dólar se desvalorizar.
Diferentemente de outras épocas, o mercado brasileiro não sofreu influência negativa nas mudanças no Ministério da Economia argentino. "Os investidores
têm demonstrado que aprenderam a diferenciar a Argentina do
Brasil. A troca do ministro da
Economia não nos contaminou,
como ocorria pelo menos até
2002", diz Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora Sênior.
Ontem, a Bovespa fechou com
alta de 0,94%. O risco-país brasileiro chegou ao fim do dia aos 344
pontos, baixa de 0,58%.
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