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TRABALHO
Número de vagas avança 28,4% de 1998 a 2003, com terceirização e expansão tecnológica; renda cai de 4,1 para 3,2 mínimos
Serviços empregam mais, mas pagam menos
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
De 1998 a 2003, o número de
postos de trabalho no setor de serviços avançou 28,4%, e a atividade
passou a ocupar pessoas que antes estavam empregadas na indústria. O fenômeno é resultado
da terceirização e da expansão
tecnológica, que cria novos serviços especialmente em áreas como
informática, e foi identificado pelos dados da PAS (Pesquisa Anual
de Serviços), divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).
Diferentemente do emprego, o
rendimento médio do setor de
serviços não mostrou o mesmo
dinamismo: a remuneração média nas empresas prestadoras de
serviços caiu de 4,1 salários mínimos em 1998 para 3,2 salários em
2003 -ou R$ 718,3, com queda
de 3,3% na comparação com
2002. Mas, como o emprego aumentou, o bolo de rendimentos
pagos pelas empresas teve crescimento de 14,4% de 1998 a 2003.
Em 1998, o setor formal de serviços (a pesquisa só investiga empresas com CNPJ) empregava
5,179 milhões de pessoas e foi a
6,648 milhões, considerando as
mesmas atividades -ao todo, os
serviços empregavam 6,758 milhões de pessoas em 2003, já que o
IBGE expandiu a pesquisa.
No mesmo período, o emprego
formal na indústria subiu menos
(21%) do que nos serviços, segundo a Pesquisa Anual da Indústria
de 2003. Isso indica, diz o IBGE, a
migração dos postos de trabalho
do setor fabril para o de serviços.
Das atividades de serviços, o
emprego cresceu mais em informática (80,2%) e nos serviços
prestados às empresas (40,5%)
-firmas de consultoria (contábil,
jurídica etc.), limpeza, manutenção, segurança e seleção e alocação de mão-de-obra. Foram essas
atividades que deixaram de ser
feitas diretamente pelas indústrias e foram terceirizadas.
No total de pessoas ocupadas
em serviços, a participação do
grupamento serviços prestados às
empresas aumentou de 30,8% para 33,7%. No bolo dos salários pagos, o peso das prestadoras de serviços saltou de 28,5% para 32,9%.
Por outro lado, o emprego cresceu menos nas empresas de serviços de alimentação (restaurantes,
bares e afins) e alojamento (hotéis) e transportes, o que fez essas
categorias reduzirem seu peso no
emprego do setor de serviços de
1998 a 2003. A pesquisa mostrou
ainda que os salários mais altos
estão nos segmentos de telecomunicações e correios (8,7 mínimos)
e informática (6,2 mínimos). Os
menores, nas empresas de alimentação e alojamento -1,6 salário. De 98 a 2003, o rendimento
caiu em todas as categorias.
Já o faturamento total do setor
serviços, de 1998 a 2003, subiu
36% e chegou a R$ 326,6 bilhões.
Na comparação com 2002, porém, houve queda de 4,2%, reflexo do desaquecimento de 2003.
Em média, os 922,7 milhões de
empresas do setor de serviços tinham um faturamento de R$ 354
mil ao ano, cifra 4,2% menor do
quem em 2002.
Nesse período, as atividades que
viram sua receita crescer mais foram telecomunicações (77,2%),
sob efeito do celular e de novos
produtos como o acesso à internet em banda larga, e informática
(66,6%), que inclui a expansão do
desenvolvimento de softwares no
Brasil, segundo o IBGE. Já a receita dos restaurantes, lanchonetes e
assemelhados subiu só 9,8%.
A atividade com maior peso no
setor de serviços continuou sendo
a de transportes -28% em
2003-, mas sua participação caiu
em relação a 1998 (30,6%). Também perdeu espaço no bolo do faturamento das empresas de serviços o ramo de alimentação e alojamento -de 9,6% para 7,8%.
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