São Paulo, quarta-feira, 30 de novembro de 2005

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TRABALHO

Número de vagas avança 28,4% de 1998 a 2003, com terceirização e expansão tecnológica; renda cai de 4,1 para 3,2 mínimos

Serviços empregam mais, mas pagam menos

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

De 1998 a 2003, o número de postos de trabalho no setor de serviços avançou 28,4%, e a atividade passou a ocupar pessoas que antes estavam empregadas na indústria. O fenômeno é resultado da terceirização e da expansão tecnológica, que cria novos serviços especialmente em áreas como informática, e foi identificado pelos dados da PAS (Pesquisa Anual de Serviços), divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Diferentemente do emprego, o rendimento médio do setor de serviços não mostrou o mesmo dinamismo: a remuneração média nas empresas prestadoras de serviços caiu de 4,1 salários mínimos em 1998 para 3,2 salários em 2003 -ou R$ 718,3, com queda de 3,3% na comparação com 2002. Mas, como o emprego aumentou, o bolo de rendimentos pagos pelas empresas teve crescimento de 14,4% de 1998 a 2003.
Em 1998, o setor formal de serviços (a pesquisa só investiga empresas com CNPJ) empregava 5,179 milhões de pessoas e foi a 6,648 milhões, considerando as mesmas atividades -ao todo, os serviços empregavam 6,758 milhões de pessoas em 2003, já que o IBGE expandiu a pesquisa.
No mesmo período, o emprego formal na indústria subiu menos (21%) do que nos serviços, segundo a Pesquisa Anual da Indústria de 2003. Isso indica, diz o IBGE, a migração dos postos de trabalho do setor fabril para o de serviços.
Das atividades de serviços, o emprego cresceu mais em informática (80,2%) e nos serviços prestados às empresas (40,5%) -firmas de consultoria (contábil, jurídica etc.), limpeza, manutenção, segurança e seleção e alocação de mão-de-obra. Foram essas atividades que deixaram de ser feitas diretamente pelas indústrias e foram terceirizadas.
No total de pessoas ocupadas em serviços, a participação do grupamento serviços prestados às empresas aumentou de 30,8% para 33,7%. No bolo dos salários pagos, o peso das prestadoras de serviços saltou de 28,5% para 32,9%.
Por outro lado, o emprego cresceu menos nas empresas de serviços de alimentação (restaurantes, bares e afins) e alojamento (hotéis) e transportes, o que fez essas categorias reduzirem seu peso no emprego do setor de serviços de 1998 a 2003. A pesquisa mostrou ainda que os salários mais altos estão nos segmentos de telecomunicações e correios (8,7 mínimos) e informática (6,2 mínimos). Os menores, nas empresas de alimentação e alojamento -1,6 salário. De 98 a 2003, o rendimento caiu em todas as categorias.
Já o faturamento total do setor serviços, de 1998 a 2003, subiu 36% e chegou a R$ 326,6 bilhões. Na comparação com 2002, porém, houve queda de 4,2%, reflexo do desaquecimento de 2003.
Em média, os 922,7 milhões de empresas do setor de serviços tinham um faturamento de R$ 354 mil ao ano, cifra 4,2% menor do quem em 2002.
Nesse período, as atividades que viram sua receita crescer mais foram telecomunicações (77,2%), sob efeito do celular e de novos produtos como o acesso à internet em banda larga, e informática (66,6%), que inclui a expansão do desenvolvimento de softwares no Brasil, segundo o IBGE. Já a receita dos restaurantes, lanchonetes e assemelhados subiu só 9,8%.
A atividade com maior peso no setor de serviços continuou sendo a de transportes -28% em 2003-, mas sua participação caiu em relação a 1998 (30,6%). Também perdeu espaço no bolo do faturamento das empresas de serviços o ramo de alimentação e alojamento -de 9,6% para 7,8%.


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