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TRABALHO
Sindicalistas pedem R$ 400; para Marinho, R$ 340 é uma "possibilidade"
Centrais saem frustradas de reunião sobre mínimo
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na primeira reunião com sindicalistas para discutir o salário mínimo de 2006 e a correção da tabela do Imposto de Renda das
pessoas físicas, o governo não
apresentou propostas, frustrando
as expectativas das centrais sindicais. No encontro, ficou acertado
que as negociações se estenderão
pelos próximos 15 dias, e até o dia
20 o assunto será decidido em
uma audiência com o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
"Foi uma reunião improdutiva.
Não avançou nenhum centímetro", afirmou o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva,
o Paulinho. "Esperávamos que o
governo já apresentasse uma proposta", acrescentou o presidente
da CUT (Central Única dos Trabalhadores), João Felício.
Ontem, as centrais sindicais
-CUT, Força, SDS (Social Democracia Sindical), CAT (Central
Autônoma dos Trabalhadores) e
CGT (Confederação Nacional dos
Trabalhadores)- fizeram uma
marcha em Brasília para reivindicar a elevação do salário mínimo
de R$ 300 para R$ 400 e a correção
da tabela do IR em 13%. Segundo
os manifestantes, a marcha reuniu 7.000 pessoas. A Polícia Militar calcula que 4.000 manifestantes estiveram presentes.
Participaram da reunião os ministros Luiz Marinho (Trabalho),
Dilma Rousseff (Casa Civil) e
Paulo Bernardo (Planejamento).
Embora a presença do ministro
Antonio Palocci Filho (Fazenda)
estivesse prevista, ele não compareceu. O secretário-executivo do
Ministério da Fazenda, Murilo
Portugal, substituiu-o na reunião.
Depois do encontro, Marinho
afirmou que a proposta de elevação do mínimo para R$ 400 é incompatível com o Orçamento de
2006. "As próprias centrais sabem
disso. Faz parte do jogo da negociação", declarou. À Folha o ministro disse que um aumento para
R$ 340 é "uma possibilidade". Ele
acrescenta que esse é o número
com que o relator do Orçamento,
deputado Carlito Merss (PT-SC),
vem trabalhando. Paulinho disse
que R$ 340 é muito pouco.
Marinho tem declarado repetidas vezes que o salário mínimo ficará acima dos R$ 321 previstos
na proposta orçamentária enviada pelo governo ao Congresso. "O
valor será quanto couber no Orçamento", diz. Sobre o reajuste da
tabela do IR, declarou que a correção, assim como o aumento do
mínimo, depende de elementos
ainda indefinidos na proposta orçamentária, como o reajuste do
funcionalismo e a compensação
aos Estados da Lei Kandir (desoneração das exportações).
Marinho defende que o governo
corrija a tabela visando repor toda
a inflação acumulada no governo
Lula. "Vamos chegar zerados ao
fim do mandato", disse à Folha.
Além de um reajuste para 2006,
também seria definida no ano que
vem uma correção para 2007.
Segundo relato de participantes
da reunião, Marinho apresentou
diversos números sobre o desempenho da economia e os recentes
dados sobre distribuição de renda
e emprego. Dilma permaneceu
todo o encontro com o semblante
fechado e teria sorrido apenas
quando o presidente da Força declarou que não concordava com a
política econômica do governo e
estava do lado da ministra.
A ausência de Palocci foi sentida
pelos sindicalistas. "Palocci está
fraco. Veio quem manda", disse
Paulinho referindo-se a Dilma.
Marinho justificou que o ministro
da Fazenda não pôde comparecer
porque participava de audiência
na Câmara, que terminou às
16h45. O encontro com as centrais começou por volta de 18h.
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