São Paulo, quarta-feira, 30 de novembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRABALHO

Sindicalistas pedem R$ 400; para Marinho, R$ 340 é uma "possibilidade"

Centrais saem frustradas de reunião sobre mínimo

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na primeira reunião com sindicalistas para discutir o salário mínimo de 2006 e a correção da tabela do Imposto de Renda das pessoas físicas, o governo não apresentou propostas, frustrando as expectativas das centrais sindicais. No encontro, ficou acertado que as negociações se estenderão pelos próximos 15 dias, e até o dia 20 o assunto será decidido em uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Foi uma reunião improdutiva. Não avançou nenhum centímetro", afirmou o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho. "Esperávamos que o governo já apresentasse uma proposta", acrescentou o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), João Felício.
Ontem, as centrais sindicais -CUT, Força, SDS (Social Democracia Sindical), CAT (Central Autônoma dos Trabalhadores) e CGT (Confederação Nacional dos Trabalhadores)- fizeram uma marcha em Brasília para reivindicar a elevação do salário mínimo de R$ 300 para R$ 400 e a correção da tabela do IR em 13%. Segundo os manifestantes, a marcha reuniu 7.000 pessoas. A Polícia Militar calcula que 4.000 manifestantes estiveram presentes.
Participaram da reunião os ministros Luiz Marinho (Trabalho), Dilma Rousseff (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Planejamento). Embora a presença do ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) estivesse prevista, ele não compareceu. O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Murilo Portugal, substituiu-o na reunião.
Depois do encontro, Marinho afirmou que a proposta de elevação do mínimo para R$ 400 é incompatível com o Orçamento de 2006. "As próprias centrais sabem disso. Faz parte do jogo da negociação", declarou. À Folha o ministro disse que um aumento para R$ 340 é "uma possibilidade". Ele acrescenta que esse é o número com que o relator do Orçamento, deputado Carlito Merss (PT-SC), vem trabalhando. Paulinho disse que R$ 340 é muito pouco.
Marinho tem declarado repetidas vezes que o salário mínimo ficará acima dos R$ 321 previstos na proposta orçamentária enviada pelo governo ao Congresso. "O valor será quanto couber no Orçamento", diz. Sobre o reajuste da tabela do IR, declarou que a correção, assim como o aumento do mínimo, depende de elementos ainda indefinidos na proposta orçamentária, como o reajuste do funcionalismo e a compensação aos Estados da Lei Kandir (desoneração das exportações).
Marinho defende que o governo corrija a tabela visando repor toda a inflação acumulada no governo Lula. "Vamos chegar zerados ao fim do mandato", disse à Folha. Além de um reajuste para 2006, também seria definida no ano que vem uma correção para 2007.
Segundo relato de participantes da reunião, Marinho apresentou diversos números sobre o desempenho da economia e os recentes dados sobre distribuição de renda e emprego. Dilma permaneceu todo o encontro com o semblante fechado e teria sorrido apenas quando o presidente da Força declarou que não concordava com a política econômica do governo e estava do lado da ministra.
A ausência de Palocci foi sentida pelos sindicalistas. "Palocci está fraco. Veio quem manda", disse Paulinho referindo-se a Dilma. Marinho justificou que o ministro da Fazenda não pôde comparecer porque participava de audiência na Câmara, que terminou às 16h45. O encontro com as centrais começou por volta de 18h.


Texto Anterior: Declaração: Entrega do IR de isentos termina hoje às 20h
Próximo Texto: Manifestação: Sindicato quer prisão do presidente da Volks
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.