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AGRONEGÓCIO
Ministério Público de Cuiabá requisita investigação policial; comissão da Câmara ouve hoje envolvidos no caso
Procurador quer que PF apure cartel da carne
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público de Mato
Grosso pediu à Polícia Federal a
abertura de inquérito policial para investigar a existência de cartel
comandado por alguns dos maiores frigoríficos do país.
O pedido foi feito pelo procurador federal Mario Lucio Avelar,
de Cuiabá, baseado em denúncia
sobre o cartel feita no ano passado. O pedido à PF foi estimulado
agora pela revelação de gravações
nas quais os proprietários do Friboi, o maior frigorífico da América Latina, relatam esquema para
controlar o preço da arroba do
boi em cinco Estados. O Friboi
contaria com a ajuda de pelo menos mais três frigoríficos.
As gravações foram publicadas
pela Folha no domingo. Elas também levaram a Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados a chamar para depoimentos
hoje 12 empresas e entidades relacionadas ao assunto.
Os depoimentos ocorrem a partir das 10h, em Brasília. De acordo
com o presidente da Comissão de
Agricultura da Câmara, Ronaldo
Caiado (PFL-GO), os donos do
Friboi estarão na Argentina, mas
acertaram com os deputados o
envio de advogado para dar esclarecimentos.
Caiado disse ontem que conseguiu o apoio do senador Sérgio
Guerra (PSDB-PE) para tentar
criar uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para investigar o setor frigorífico.
Os parlamentares da Comissão
de Agricultura definiram ontem a
abrangência das investigações caso a CPMI seja criada.
Além da existência do cartel,
eles querem investigar a concessão de benefícios fiscais ao setor, a
concentração de unidades frigoríficas em posse de poucos grupos,
a compra do frigorífico argentino
Swift pelo Friboi com recursos do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e empréstimos de bancos
"sociais" para os abatedouros.
Nas gravações reveladas pela
Folha, um dos sócios do Friboi
afirma ainda que a empresa tem
um "contrato de gaveta" com o
BNDES para a assunção de uma
dívida de R$ 11,2 milhões do frigorífico concorrente Araputanga.
O BNDES nega que o contrato
seja "de gaveta" e afirma que a
operação com o Friboi é perfeitamente legal.
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