São Paulo, quarta-feira, 30 de novembro de 2005

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AGRONEGÓCIO

Ministério Público de Cuiabá requisita investigação policial; comissão da Câmara ouve hoje envolvidos no caso

Procurador quer que PF apure cartel da carne

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público de Mato Grosso pediu à Polícia Federal a abertura de inquérito policial para investigar a existência de cartel comandado por alguns dos maiores frigoríficos do país.
O pedido foi feito pelo procurador federal Mario Lucio Avelar, de Cuiabá, baseado em denúncia sobre o cartel feita no ano passado. O pedido à PF foi estimulado agora pela revelação de gravações nas quais os proprietários do Friboi, o maior frigorífico da América Latina, relatam esquema para controlar o preço da arroba do boi em cinco Estados. O Friboi contaria com a ajuda de pelo menos mais três frigoríficos.
As gravações foram publicadas pela Folha no domingo. Elas também levaram a Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados a chamar para depoimentos hoje 12 empresas e entidades relacionadas ao assunto.
Os depoimentos ocorrem a partir das 10h, em Brasília. De acordo com o presidente da Comissão de Agricultura da Câmara, Ronaldo Caiado (PFL-GO), os donos do Friboi estarão na Argentina, mas acertaram com os deputados o envio de advogado para dar esclarecimentos.
Caiado disse ontem que conseguiu o apoio do senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) para tentar criar uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para investigar o setor frigorífico.
Os parlamentares da Comissão de Agricultura definiram ontem a abrangência das investigações caso a CPMI seja criada.
Além da existência do cartel, eles querem investigar a concessão de benefícios fiscais ao setor, a concentração de unidades frigoríficas em posse de poucos grupos, a compra do frigorífico argentino Swift pelo Friboi com recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e empréstimos de bancos "sociais" para os abatedouros.
Nas gravações reveladas pela Folha, um dos sócios do Friboi afirma ainda que a empresa tem um "contrato de gaveta" com o BNDES para a assunção de uma dívida de R$ 11,2 milhões do frigorífico concorrente Araputanga.
O BNDES nega que o contrato seja "de gaveta" e afirma que a operação com o Friboi é perfeitamente legal.


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