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OLHOS BEM ABERTOS
Maioria dos produtos continua com preços anteriores à liquidação de Natal; muitas mercadorias são do mostruário
Oferta esconde armadilha para consumidor
DA REPORTAGEM LOCAL
As liquidações de Natal podem
se transformar numa "pegadinha" para os clientes mais desatentos. O alerta é dos consultores
e das entidades de defesa do consumidor. Há produtos iguais com
preços diferentes em lojas de um
mesma empresa varejista. E é engano acreditar que há um grande
volume de itens em promoção:
eles são, na verdade, uma minoria
em relação à quantidade de produtos à venda.
O que se vê também é que grande parte das mercadorias nas prateleiras não teve o preço alterado.
E estão até mais caras do que há
um mês.
Além disso, muitos itens que
chamam atenção pelo desconto
são produtos de mostruário, ou
seja, unidades até mesmo com defeitos -e que estavam nas vitrines das lojas. E, portanto, há uma
pequena quantidade disponível
para venda.
No Ponto Frio, por exemplo, o
consumidor encontrará uma lavadora de roupa por R$ 589. Ela é
vendida por um preço 11,8% menor do que antes da promoção.
Mas o cliente só vai encontrar esse
desconto em São Paulo. No anúncio publicitário em que a rede divulga a liquidação há um aviso,
em pequenas letras, no pé da página, informando que "alguns
produtos não estão disponíveis
em todas as lojas".
Também não há certeza a respeito da duração da liquidação.
Poderia terminar ontem, como se
estender até o final do estoque.
Há outras ressalvas: no Ponto
Frio há, em média, pouco mais de
50 itens em liquidação, de um total de mais de mil itens, em média,
disponíveis nas lojas da rede. Esses produtos têm de 10% a 50% de
desconto. Mas, segundo os consultores, a grande maioria dos
produtos não tem o desconto máximo oferecido pelas redes.
No grupo Pão de Açúcar, duas
redes iniciaram suas liquidações
nessa semana: Eletro e Extra. Entretanto hoje um mesmo produto
pode ser encontrado nas duas redes a preços diferentes. O microondas da marca CCE (30 litros) é vendido no Eletro a R$ 199.
E no Extra, a R$ 229.
A rede informa que as promoções não são semelhantes, já que
as redes operam de forma independente. Mas os consumidores
devem ficar atentos porque apenas as mercadorias que ilustram
os anúncios publicitários das redes podem ser encontradas em
todos os pontos de venda.
Bom para alguns, mas...
O objetivo das lojas com as promoções é elevar o fluxo de clientes
nos pontos em um período de
vendas fracas.
Mesmo que o cliente decida não
levar nada, há uma boa chance de
que, durante a visita à loja, ele acabe comprando algo que não estava em liquidação. O que pode ser
bom para a loja, mas péssimo para o cliente. Isso porque há produtos -fora das promoções- sendo vendidos hoje a preços mais
elevados do que há um mês.
Há exemplos no mercado: o refrigerador Continental (modelo
RG 46) é vendido hoje a R$ 1.049
no Extra. No dia 13 de dezembro,
quando a rede fez a última promoção antes do Natal, estava R$
990. O microondas Panasonic
(modelo 35 litros) custava R$ 359.
Hoje, está em R$ 369.
A Fipe (Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas) confirma
que aconteceram reajustes neste
ano e nos últimos meses. A instituição informa que os preços de
utilidades domésticas em São
Paulo subiram 3,95% neste ano.
"Nós estamos organizando essa
liquidação há mais de três meses,
quando fechamos compras de lotes de produtos especialmente para as promoções. Então conseguimos preços melhores", diz Sylvia
Leão, diretora da área de não-alimentos do Pão de Açúcar, ao rebater a informação de que os preços, em geral, ainda estão altos.
O Procon informa que está
atento a eventuais abusos cometidos pelas redes nessa liquidação
-como não especificar o período
da promoção.
(ADRIANA MATTOS)
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