São Paulo, domingo, 30 de dezembro de 2001

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OLHOS BEM ABERTOS

Maioria dos produtos continua com preços anteriores à liquidação de Natal; muitas mercadorias são do mostruário

Oferta esconde armadilha para consumidor

DA REPORTAGEM LOCAL

As liquidações de Natal podem se transformar numa "pegadinha" para os clientes mais desatentos. O alerta é dos consultores e das entidades de defesa do consumidor. Há produtos iguais com preços diferentes em lojas de um mesma empresa varejista. E é engano acreditar que há um grande volume de itens em promoção: eles são, na verdade, uma minoria em relação à quantidade de produtos à venda.
O que se vê também é que grande parte das mercadorias nas prateleiras não teve o preço alterado. E estão até mais caras do que há um mês.
Além disso, muitos itens que chamam atenção pelo desconto são produtos de mostruário, ou seja, unidades até mesmo com defeitos -e que estavam nas vitrines das lojas. E, portanto, há uma pequena quantidade disponível para venda.
No Ponto Frio, por exemplo, o consumidor encontrará uma lavadora de roupa por R$ 589. Ela é vendida por um preço 11,8% menor do que antes da promoção. Mas o cliente só vai encontrar esse desconto em São Paulo. No anúncio publicitário em que a rede divulga a liquidação há um aviso, em pequenas letras, no pé da página, informando que "alguns produtos não estão disponíveis em todas as lojas".
Também não há certeza a respeito da duração da liquidação. Poderia terminar ontem, como se estender até o final do estoque.
Há outras ressalvas: no Ponto Frio há, em média, pouco mais de 50 itens em liquidação, de um total de mais de mil itens, em média, disponíveis nas lojas da rede. Esses produtos têm de 10% a 50% de desconto. Mas, segundo os consultores, a grande maioria dos produtos não tem o desconto máximo oferecido pelas redes.
No grupo Pão de Açúcar, duas redes iniciaram suas liquidações nessa semana: Eletro e Extra. Entretanto hoje um mesmo produto pode ser encontrado nas duas redes a preços diferentes. O microondas da marca CCE (30 litros) é vendido no Eletro a R$ 199. E no Extra, a R$ 229.
A rede informa que as promoções não são semelhantes, já que as redes operam de forma independente. Mas os consumidores devem ficar atentos porque apenas as mercadorias que ilustram os anúncios publicitários das redes podem ser encontradas em todos os pontos de venda.

Bom para alguns, mas...
O objetivo das lojas com as promoções é elevar o fluxo de clientes nos pontos em um período de vendas fracas.
Mesmo que o cliente decida não levar nada, há uma boa chance de que, durante a visita à loja, ele acabe comprando algo que não estava em liquidação. O que pode ser bom para a loja, mas péssimo para o cliente. Isso porque há produtos -fora das promoções- sendo vendidos hoje a preços mais elevados do que há um mês.
Há exemplos no mercado: o refrigerador Continental (modelo RG 46) é vendido hoje a R$ 1.049 no Extra. No dia 13 de dezembro, quando a rede fez a última promoção antes do Natal, estava R$ 990. O microondas Panasonic (modelo 35 litros) custava R$ 359. Hoje, está em R$ 369.
A Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) confirma que aconteceram reajustes neste ano e nos últimos meses. A instituição informa que os preços de utilidades domésticas em São Paulo subiram 3,95% neste ano.
"Nós estamos organizando essa liquidação há mais de três meses, quando fechamos compras de lotes de produtos especialmente para as promoções. Então conseguimos preços melhores", diz Sylvia Leão, diretora da área de não-alimentos do Pão de Açúcar, ao rebater a informação de que os preços, em geral, ainda estão altos.
O Procon informa que está atento a eventuais abusos cometidos pelas redes nessa liquidação -como não especificar o período da promoção. (ADRIANA MATTOS)


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