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AMÉRICA LATINA
Do total de US$ 8,1 bi captados na região em 2003, 70% foram destinados a 22 empresas sediadas do país
Brasileiras lideram ranking de emissões
ELAINE COTTA
DA FOLHA ONLINE
As empresas brasileiras, num
ranking de países da América Latina, foram as que mais captaram
recursos por meio da emissão de
títulos no exterior durante o ano
de 2003. O dado faz parte de levantamento realizado pela agência internacional de classificação
de risco Moody's.
Do total de US$ 8,1 bilhões captados pela América Latina, 70%
foram destinados a empresas brasileiras. De acordo com a
Moody's, 32 companhias da região acessaram este mercado, dos
quais 22 são sediadas no Brasil. O
México teve sete captações e a Argentina, duas. Esse número não
computa os empréstimos sindicalizados (que são garantidos por
bancos ou outras instituições financeiras).
Em 2003, as empresas brasileiras conseguiram captar US$ 5,3
bilhões no exterior, um aumento
de 96% em relação aos US$ 2,8 bilhões captados em 2002. Do total
de emissões em dólares da América Latina, 94% foram feitas por
empresas nacionais. No ano passado, esse percentual havia sido
de 73%.
O resultado deste ano acompanhou uma tendência verificada
em 2001 e que deve continuar durante 2004, segundo Maria Muller
e Brigitte Posch, analistas responsáveis pelo estudo. Em 2001, as
emissões externas do Brasil somaram US$ 4,2 bilhões, ante os
US$ 679 milhões de 2000.
Risco político
A redução das incertezas sobre
os rumos da política econômica
estimulou as emissões, segundo
Posch. "A administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
atendeu às necessidades dos investidores estrangeiros até mais
do que muitos esperavam."
Além da manutenção da política econômica que vinha sendo
adotada pelo governo anterior, a
analista lembra que os investidores passaram a diferenciar o Brasil
da Argentina. "Os investidores
passaram a ver Brasil e Argentina
como países com características
políticas e econômicas diferentes
e perceberam a importância que o
Brasil tem para toda a América
Latina", disse.
Outro fator que pesou, segundo
a Moody's, foi a queda na taxa básica de juros dos EUA, que se encontra em 1% ao ano, o menor nível dos últimos 45 anos. "Isso [o
juro baixo nos EUA] tornou mais
atraentes os títulos dos mercados
emergentes [dos quais o Brasil faz
parte]", destaca o relatório.
Algumas empresas brasileiras
também começaram a emitir bônus com cobertura para risco político. Essa garantia -dada por
algumas instituições financeiras
internacionais- possibilitou a
captação de US$ 1,5 bilhão por
meio da emissão de títulos com
esse tipo de cláusula.
A AmBev (Companhia Brasileira de Bebidas) e o Bradesco foram
os maiores emissores desse tipo
de bônus, emitindo, cada um,
US$ 500 milhões. Unibanco e a
Tele Norte Leste emitiram, respectivamente, US$ 200 milhões e
US$ 300 milhões neste tipo de
operação.
Exportadoras
O Bradesco foi pela primeira vez
o maior emissor da América Latina. O banco teve no total quatro
operações separadas, que totalizaram US$ 1,7 bilhão.
O segundo lugar ficou com a Petrobras, que emitiu US$ 750 milhões no total, seguida pela Ambev, com US$ 500 milhões. A Aracruz Celulose conseguiu captar
US$ 400 milhões e o Unibanco,
US$ 425 milhões.
O volume das operações lastreadas em recebíveis de exportação
totalizaram 34% do total emitido
por companhias brasileiras.
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