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São Paulo, terça-feira, 30 de dezembro de 2003

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AMÉRICA LATINA

Do total de US$ 8,1 bi captados na região em 2003, 70% foram destinados a 22 empresas sediadas do país

Brasileiras lideram ranking de emissões

ELAINE COTTA
DA FOLHA ONLINE

As empresas brasileiras, num ranking de países da América Latina, foram as que mais captaram recursos por meio da emissão de títulos no exterior durante o ano de 2003. O dado faz parte de levantamento realizado pela agência internacional de classificação de risco Moody's.
Do total de US$ 8,1 bilhões captados pela América Latina, 70% foram destinados a empresas brasileiras. De acordo com a Moody's, 32 companhias da região acessaram este mercado, dos quais 22 são sediadas no Brasil. O México teve sete captações e a Argentina, duas. Esse número não computa os empréstimos sindicalizados (que são garantidos por bancos ou outras instituições financeiras).
Em 2003, as empresas brasileiras conseguiram captar US$ 5,3 bilhões no exterior, um aumento de 96% em relação aos US$ 2,8 bilhões captados em 2002. Do total de emissões em dólares da América Latina, 94% foram feitas por empresas nacionais. No ano passado, esse percentual havia sido de 73%.
O resultado deste ano acompanhou uma tendência verificada em 2001 e que deve continuar durante 2004, segundo Maria Muller e Brigitte Posch, analistas responsáveis pelo estudo. Em 2001, as emissões externas do Brasil somaram US$ 4,2 bilhões, ante os US$ 679 milhões de 2000.

Risco político
A redução das incertezas sobre os rumos da política econômica estimulou as emissões, segundo Posch. "A administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva atendeu às necessidades dos investidores estrangeiros até mais do que muitos esperavam."
Além da manutenção da política econômica que vinha sendo adotada pelo governo anterior, a analista lembra que os investidores passaram a diferenciar o Brasil da Argentina. "Os investidores passaram a ver Brasil e Argentina como países com características políticas e econômicas diferentes e perceberam a importância que o Brasil tem para toda a América Latina", disse.
Outro fator que pesou, segundo a Moody's, foi a queda na taxa básica de juros dos EUA, que se encontra em 1% ao ano, o menor nível dos últimos 45 anos. "Isso [o juro baixo nos EUA] tornou mais atraentes os títulos dos mercados emergentes [dos quais o Brasil faz parte]", destaca o relatório.
Algumas empresas brasileiras também começaram a emitir bônus com cobertura para risco político. Essa garantia -dada por algumas instituições financeiras internacionais- possibilitou a captação de US$ 1,5 bilhão por meio da emissão de títulos com esse tipo de cláusula.
A AmBev (Companhia Brasileira de Bebidas) e o Bradesco foram os maiores emissores desse tipo de bônus, emitindo, cada um, US$ 500 milhões. Unibanco e a Tele Norte Leste emitiram, respectivamente, US$ 200 milhões e US$ 300 milhões neste tipo de operação.

Exportadoras
O Bradesco foi pela primeira vez o maior emissor da América Latina. O banco teve no total quatro operações separadas, que totalizaram US$ 1,7 bilhão.
O segundo lugar ficou com a Petrobras, que emitiu US$ 750 milhões no total, seguida pela Ambev, com US$ 500 milhões. A Aracruz Celulose conseguiu captar US$ 400 milhões e o Unibanco, US$ 425 milhões.
O volume das operações lastreadas em recebíveis de exportação totalizaram 34% do total emitido por companhias brasileiras.



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