São Paulo, quinta-feira, 30 de dezembro de 2004

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Crescimento se acomoda, vê Meirelles

DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou ontem que considera "saudável" a projeção divulgada na terça-feira pela instituição de que a economia brasileira deve encerrar o último trimestre do ano com crescimento zero em relação ao trimestre anterior. Para ele, todo processo de crescimento passa por momentos de acomodação.
"Em todo processo de crescimento, principalmente em processos de retomada de crescimento, é normal que tenhamos momentos de acomodação", afirmou Meirelles após reunião com o presidente do BNDES, Guido Mantega, ontem, no Rio.
"Isto é saudável e é importante", completou. "Já esperávamos uma acomodação no trimestre anterior, que não ocorreu, e é saudável, em qualquer processo de crescimento, um momento de acomodação", declarou.
Segundo ele, o "dado fundamental" da estimativa do BC é que o Brasil deverá fechar o ano com um crescimento de 5% em 2004 e de 4% em 2005. "Isto é algo que não era visto como uma possibilidade pelos analistas de uma maneira geral há um tempo."
No terceiro trimestre, houve um crescimento de 1% em relação ao trimestre anterior. A política de alta de juros praticada pelo BC é uma das razões que explicam o freio na economia, já que, para a instituição, é necessário conter o crescimento para afastar pressões inflacionárias de demanda.
Para o BC, o ritmo de crescimento da economia é um dos principais obstáculos para o controle da inflação. A elevação da taxa Selic, que passou de 16% ao ano em setembro para 17,75% neste mês, tem como objetivo frear essa expansão. Segundo o BC, a permanência dos juros em 17,75% até o final de 2005 faria com que a inflação do período, medida pelo IPCA, ficasse em 5,3%, acima da meta de 5,1%.
Na entrevista no Rio, Meirelles falou também sobre a nova queda do dólar, que ontem fechou em R$ 2,667. Segundo ele, o BC não atua no mercado visando influenciar a cotação. "O Banco Central tem um processo de longo prazo de recomposição das reservas brasileiras, visando uma possível saída organizada dos acordos com o FMI [Fundo Monetário Internacional]."
Sobre o crescimento de 2005, o presidente do BC disse que "é fundamental que o Brasil aumente o seu nível de investimento e, portanto, se disponibilize financiamento, recursos para o investimento de longo prazo no Brasil". Daí a importância do BNDES.
Guido Mantega, que estava ao lado de Meirelles na entrevista, ressaltou que a taxa de investimento atingiu 21% do PIB (Produto Interno Bruto) no terceiro trimestre deste ano.

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