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Crescimento se acomoda, vê Meirelles
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, afirmou ontem que considera "saudável" a
projeção divulgada na terça-feira
pela instituição de que a economia brasileira deve encerrar o último trimestre do ano com crescimento zero em relação ao trimestre anterior. Para ele, todo processo de crescimento passa por momentos de acomodação.
"Em todo processo de crescimento, principalmente em processos de retomada de crescimento, é normal que tenhamos momentos de acomodação", afirmou Meirelles após reunião com
o presidente do BNDES, Guido
Mantega, ontem, no Rio.
"Isto é saudável e é importante",
completou. "Já esperávamos uma
acomodação no trimestre anterior, que não ocorreu, e é saudável, em qualquer processo de
crescimento, um momento de
acomodação", declarou.
Segundo ele, o "dado fundamental" da estimativa do BC é
que o Brasil deverá fechar o ano
com um crescimento de 5% em
2004 e de 4% em 2005. "Isto é algo
que não era visto como uma possibilidade pelos analistas de uma
maneira geral há um tempo."
No terceiro trimestre, houve um
crescimento de 1% em relação ao
trimestre anterior. A política de
alta de juros praticada pelo BC é
uma das razões que explicam o
freio na economia, já que, para a
instituição, é necessário conter o
crescimento para afastar pressões
inflacionárias de demanda.
Para o BC, o ritmo de crescimento da economia é um dos
principais obstáculos para o controle da inflação. A elevação da taxa Selic, que passou de 16% ao
ano em setembro para 17,75%
neste mês, tem como objetivo
frear essa expansão. Segundo o
BC, a permanência dos juros em
17,75% até o final de 2005 faria
com que a inflação do período,
medida pelo IPCA, ficasse em
5,3%, acima da meta de 5,1%.
Na entrevista no Rio, Meirelles
falou também sobre a nova queda
do dólar, que ontem fechou em
R$ 2,667. Segundo ele, o BC não
atua no mercado visando influenciar a cotação. "O Banco Central
tem um processo de longo prazo
de recomposição das reservas
brasileiras, visando uma possível
saída organizada dos acordos
com o FMI [Fundo Monetário Internacional]."
Sobre o crescimento de 2005, o
presidente do BC disse que "é fundamental que o Brasil aumente o
seu nível de investimento e, portanto, se disponibilize financiamento, recursos para o investimento de longo prazo no Brasil".
Daí a importância do BNDES.
Guido Mantega, que estava ao
lado de Meirelles na entrevista,
ressaltou que a taxa de investimento atingiu 21% do PIB (Produto Interno Bruto) no terceiro trimestre deste ano.
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