São Paulo, quinta-feira, 30 de dezembro de 2004

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MERCADO

Bolsa sobe a novo recorde e risco-país vai a mais baixo índice desde 1997

Dólar cai a R$ 2,667, o menor do ano

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ano está perto do fim e o dólar não pára de derreter. Ontem a moeda americana caiu a seu menor valor de 2004 e nem mais uma atuação do Banco Central segurou o dólar. A queda de 0,86% levou o dólar a R$ 2,667, menor nível desde junho de 2002.
A baixa da moeda se acentuou após o leilão de compra do BC, que adquiriu dólares por até R$ 2,683. Instituições financeiras que queriam -e não conseguiram- vender dólares acima desse nível foram ao mercado, aumentando a oferta e derrubando ainda mais as cotações, o que é mais fácil de ocorrer nesse período do ano, quando há menos negócios.
Para Alexandre Póvoa, economista responsável pela Modal Asset Management, o dólar vai começar a se tornar realmente perigoso para a balança comercial quando chegar na faixa entre R$ 2,55 e R$ 2,60. "Nesse nível, a preocupação com as exportações vai crescer bastante. Mas é claro que o BC não ia esperar chegar a esse patamar sem fazer nada."
Entrada de dólares e falta de interesse das instituições para estocar moeda americana nesse momento não têm permitido que as atuações do BC detenham a valorização do real.
Em 2004, a moeda norte-americana já registra baixa superior a 8% diante do real.
Quando o dólar caiu abaixo dos R$ 2,70, no último dia 6, o BC anunciou que voltaria a realizar leilões de compra de dólares, como havia feito no início de 2004.
Vários integrantes do governo, dentre esses o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já defenderam a necessidade de o dólar se manter em um nível mais alto em relação ao real.
Os motivos dos leilões de compra, segundo o BC, são o de aproveitar as baixas cotações da moeda dos EUA para recompor as reservas do país. Mas os analistas são unânimes ao afirmarem que a intenção do BC é a de conter a valorização do real. Isso porque um dólar desvalorizado pode ter efeitos ruins sobre as exportações, encarecendo os produtos brasileiros no exterior.
Anteontem, a autoridade monetária anunciou já haver comprado US$ 2,44 bilhões neste mês e, mesmo assim, o dólar segue em baixa.

Bom cenário
O risco-país também voltou a cair e alcançou ontem, na mínima, os 371 pontos. O indicador encerrou as operações a 378 pontos, o menor nível desde 1997.
A queda do risco-país sempre é uma boa notícia, pois representa menores custos para empresas, bancos e governo brasileiros captarem recursos no exterior.
A Bolsa de Valores de São Paulo bateu ontem o oitavo recorde de pontuação do ano. O Ibovespa (principal índice do mercado) subiu 0,17% e encerrou o pregão aos inéditos 26.116 pontos.
Apesar do bom desempenho da Bolsa, os fundos de ações chegaram ao fim de 2004, no último dia 24, com captação -diferença entre aplicações e resgates- anual negativa de R$ 506,7 milhões.

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