São Paulo, quinta-feira, 30 de dezembro de 2004

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IR menor sobre ações facilitará troca de papéis

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A nova tributação sobre ganhos com investimentos em ações, que entrará em vigor nesta segunda-feira, poderá facilitar o remanejamento das carteiras e até alguma realização de lucro com a venda de papéis pelo investidor, segundo analistas.
Como a alíquota do Imposto de Renda cairá de 20% para 15% sobre o lucro da aplicação, a venda de papéis pode ter ficado represada nos últimos dias do ano. Isso explicaria o movimento menor da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), que ontem movimentou R$ 824 milhões, abaixo da média diária de R$ 1,22 bilhão.
"Quem pretendia vender parte de sua carteira de ações nesta semana pode ter esperado para fazê-lo na segunda-feira e pagar menos IR", observa Renato Raglione, diretor da MS Consult.
A tributação menor, entretanto, não deverá ser o critério para o investidor resgatar suas aplicações em Bolsa. "O que vai determinar a decisão de venda é a perspectiva do mercado para o próximo ano", diz Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora Sênior. Segundo ele, a Bolsa deverá continuar se valorizando em 2005, e o Ibovespa poderá chegar a 32 mil pontos -uma alta de 22% em relação ao patamar atual.
Nesse contexto, a tributação menor poderá ajudar no remanejamento dos portfólios em busca de novos ganhos. "Se o cenário econômico continuar bom, em janeiro o investidor poderá sair de um papel que já subiu bastante e entrar em outro mais facilmente, já que o IR será menor", diz Bandeira.

Imposto rastreador
Outra novidade que entra em vigor na segunda-feira é o chamado "imposto rastreador". A Receita Federal criou uma alíquota de 0,005% que incidirá sobre o valor de venda das ações. Quem vender um lote de ações por R$ 200, por exemplo, terá de pagar R$ 0,01. Esse imposto será recolhido pela corretora no ato da venda e compensado depois, quando o investidor pagar o IR sobre o lucro.
O imposto que incide sobre o lucro obtido na venda de ações -que cairá de 20% para 15% em janeiro- é pago no final do mês seguinte à operação, mediante preenchimento do Darf (Documento de Arrecadação de Receitas Federais).
"No entanto, muitos investidores esquecem de preencher o Darf e recolher o tributo", diz Raglione, da MS Consult. Com a alíquota de 0,005%, o fisco saberá quem operou com ações e poderá rastrear sonegações.

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