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LIVRE COMÉRCIO
Governo dos EUA recua e diz não ter cronograma para "fast track", cuja aprovação é fundamental para o bloco
Pressão de democratas pode atrasar Alca
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
Pressionado por senadores democratas, o principal assessor de
comércio do presidente dos EUA,
George W. Bush, admitiu ontem
não ter um cronograma para obter, do Congresso norte-americano, autorização para negociar a
Alca (Área de Livre Comércio das
Américas).
Durante sabatina no Senado,
Robert Zoellick, indicado pelo
presidente para o cargo de representante comercial dos EUA, reconheceu que Bush provavelmente não terá ainda obtido o
chamado "fast track" quando
comparecer, em abril, ao Encontro das Américas -reunião em
Québec, no Canadá, na qual presidentes de países do continente
definirão a agenda da Alca.
O "fast track" (via rápida) é um
mecanismo pelo qual o Congresso dos EUA autoriza o presidente
a negociar acordos comerciais
que, depois, o Parlamento aprova
ou rejeita, mas não emenda.
Durante a campanha, Bush prometeu, expressamente, que obteria o "fast track" em seus três primeiros meses de governo e o levaria à Québec como um sinal de
que os EUA estão realmente empenhados em negociar.
Ontem, Zoellick, embora tenha
reafirmado que a Alca é prioritária no governo Bush, recuou ao
dizer que, para a reunião de Québec, o presidente dirá que o "fast
track" está a caminho".
Em entrevista à Folha em novembro passado, Zoellick havia
dito: "Bush afirmou que pretende
obter o "fast track" antes do Encontro das Américas". Isso foi repetido em mais de cinco discursos
de Bush sobre comércio exterior.
Sem o "fast track", os demais
países americanos (entre os quais
o Brasil) relutam em avançar nas
negociações com os EUA, por temer que o Congresso desfigure,
depois, acordos fechados pelo
Executivo.
O recuo de Zoellick é produto
dos conflitos eleitorais que tornaram mais tenso o relacionamento
do presidente George W. Bush
com o Congresso.
Ontem, senadores democratas
disseram claramente que, se
aprovado, o "fast track" não virá
rapidamente. Os democratas pretendem forçar o presidente a negociar questões trabalhistas e ambientais nos acordos externos de
comércio -algo rejeitado por
Bush durante a campanha.
"Se for para desprezar preocupações ambientais e de relações
de trabalho, eu voto contra o "fast
track'", disse o senador Max Baucus, democrata de Montana.
Zoellick, que apesar das críticas
democratas deverá ser confirmado pelo Senado, tentou reduzir o
grau de oposição ao dizer que
Bush está disposto a se sentar à
mesa com entidades ambientais e
trabalhistas e que não tem um
cronograma fixo para obter o
"fast track".
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