São Paulo, quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Alta dos alimentos diminui no atacado

IGP-M da FGV fecha janeiro com um aumento de 1,09%, ante alta de 1,76% registrada em dezembro

VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A inflação medida pelo IGP-M (Índice Geral de Preços -Mercado), da Fundação Getulio Vargas, mostra que os preços dos alimentos começaram a se desacelerar no atacado, mas que essa melhora ainda não chegou ao consumidor.
O IGP-M mede a variação dos preços no atacado, no varejo e também leva em conta os reajustes nos custos da construção. O índice de janeiro teve alta de 1,09%, contra aumento de 1,76% em dezembro.
A desaceleração dos preços no atacado foi o principal responsável pela diminuição da inflação do IGP-M. No varejo, mesmo com altas expressivas como a de 30% do feijão carioquinha, o coordenador do índice, Salomão Quadros, diz esperar um cenário mais tranqüilo já neste trimestre, quando a pressão de alguns itens cederá.
Quadros cita o exemplo do feijão, que havia subido 44% no atacado em dezembro, mas que neste mês teve queda de 4,28%. Com o crescimento da oferta e a persistência da desaceleração, os preços tendem a melhorar também para o consumidor em alguns meses.
Além disso, a pressão de itens sazonais, como o aumento de preço das mensalidades escolares e dos materiais didáticos, comuns no período de volta às aulas, deve ser menor em fevereiro, assim como o reflexo da instabilidade climática no preço de alimentos "in natura" -o tomate, por exemplo, subiu 42% no atacado em janeiro.
Quadros afirma que, desde setembro de 2007, o aumento mais intenso de preços sinalizou um novo patamar de inflação. Porém, acreditava-se que a alta persistiria por menos tempo do que se viu.
"O repique de preços que tivemos em dezembro começa a se desfazer, mas ele ainda não perdeu a força", afirma o coordenador do índice.
Alexandre Horstmann, economista da consultoria Meta Asset, afirma que, apesar da desaceleração de preços prevista para os próximos meses, a inflação acumulada em 12 meses deve continuar alta no início deste ano.
Embora com inflação acumulada mais alta, Horstmann diz que não há indícios de que o aumento de preços seja causado por uma demanda maior que a oferta.
"Acreditamos que os investimentos que têm sido feitos e que estão sendo feitos vão aumentar a oferta. Em relação à inflação, a situação é menos confortável que no ano passado, mas a aposta é que a inflação ainda fique dentro da meta neste ano", diz.

Impacto no aluguel
Os índices de preço monitorados pelo FGV para medir o IGP-M influenciam a inflação futura. Preços administrados e tarifas públicas são corrigidos de acordo com o índice.
O coordenador do IGP-M afirma que, dificilmente, o índice acumulado será menor que 8% nos próximos meses e que, portanto, os reajustes de aluguéis neste ano e no ano que vem devem superar os aumentos do ano passado, quando os IGPs (índices de preço ao consumidor) subiram pouco mais de 3%. Neste mês, o índice acumulado em 12 meses foi 8,38%.


Texto Anterior: Análise: Melhor ano para as contas públicas já passou
Próximo Texto: Aneel propõe 5% de multa por inadimplência
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.