|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Amorim pede a Obama coragem para veto
DO ENVIADO ESPECIAL A DAVOS
O chanceler Celso Amorim
parafraseou um dos pontos
mais emblemáticos do discurso
de posse de Barack Obama ("a
esperança venceu o medo",
aliás frase usada antes por Luiz
Inácio Lula da Silva após a vitória eleitoral de 2002) para se
referir à introdução, pela Câmara de Representantes, de
medidas protecionistas no pacote de estímulo à economia:
"Se a esperança venceu o medo, que a coragem vença o medo de vetar" o que, no governo
brasileiro, se considera um
contrabando introduzido pelos
congressistas.
O "contrabando" proíbe a
compra de ferro e aço estrangeiros para projetos de infraestrutura financiados com dinheiro público no bojo do pacote de US$ 819 bilhões aprovado
pela Câmara e que ainda passará pelo Senado.
Amorim evitar ver na medida
"um sinal do próprio governo
Obama". Seria um sinal muito
negativo para as negociações de
liberalização do comércio no
marco da Rodada Doha.
Otimista de ofício, Amorim
prefere acreditar em outro sinal, contido no telefonema que
Obama deu ao presidente Lula
e, no qual, sem que Lula tivesse
provocado, enfatizou a necessidade de concluir Doha o quanto
antes.
Amorim teme que se espalhe
o protecionismo, "a mais contagiosa de todas as doenças".
Cita, por exemplo, o fato de
países europeus estarem sugerindo que seus cidadãos vendam o carro velho estrangeiro
para comprar um novo nacional, com o que se estimularia a
atividade econômica justamente em um dos setores mais abalados pela crise.
Amorim está em Davos para
uma série de reuniões e debates
justamente em torno da liberalização comercial. Mas lamenta
que o encontro deste ano do
Fórum Econômico Mundial tenha deixado algo à margem o
comércio, como se fosse uma
questão a mais.
"Não é", diz o chanceler, "é
um elemento essencial para
combater a crise financeira".
Amorim não está isolado no
seu temor de uma onda protecionista. Kamal Nath, o ministro do Comércio da Índia, disse
ontem que o protecionismo
"seria uma resposta de puro pânico", que machucaria países
desenvolvidos e em desenvolvimento da mesma maneira.
Nath também citou o exemplo da indústria automobilística, para dizer que não adianta
tentar salvar empregos nela,
quando "podem facilmente
deslocar sua produção para
países de baixo custo de mão-de-obra, como a Índia e a China".
(CLÓVIS ROSSI)
Texto Anterior: Foco: Protestos se alastram no Reino Unido após refinaria contratar estrangeiros Próximo Texto: Memória: Ex-presidente do Citi, Alcides Amaral morre aos 72 em SP Índice
|