São Paulo, domingo, 31 de janeiro de 1999

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Reforma global não sai dos impasses

do enviado especial

Desde que cunhada pelo presidente Clinton, "reforma da arquitetura do sistema financeiro internacional" virou lugar-comum em todos os discursos de autoridades, do Primeiro ou do último mundo.
Mas, como a iniciativa cabe aos países desenvolvidos, pelo seu peso econômico, o fato é que, até agora, não se deu um único passo nessa direção, 18 meses depois da quebra da Tailândia, que reacendeu a crise financeira global, cujas primeiras labaredas lamberam o México em 94.
Ao contrário: o encontro anual-99 do Fórum Econômico Mundial acabou sendo o cenário para a exposição de divergências enormes nas posições dos grandes atores globais.
No caso da instabilidade na cotação cambial, por exemplo, Japão e França insistem na adoção de um sistema de bandas entre as três principais moedas do planeta. Ontem, o secretário do Tesouro dos EUA, Robert Rubin, rejeitou de novo a tese.
Gordon Brown, ministro britânico do Tesouro, por sua vez, propôs a criação de novo comitê permanente de organismos reguladores, "para conduzir uma regular e sistemática vigilância do sistema financeiro mundial e funcionar, na prática, como aviso prévio" (de problemas pela frente).
Rubin também é contra. Acha que não surgiu ainda uma proposta realmente exeqüível de mecanismo de aviso prévio de crises.
Pior: diz que, se um país receber notificação de que pode ter problemas, o mercado tomará a advertência como o cartão amarelo no futebol. Ou seja, como sinal de que o cartão vermelho pode vir em seguida. Com isso, retirará capital desse país, tornando inevitável a crise que se pretende evitar.
Outro ponto de divergência é em torno do controle de capitais, admitido por Japão e Canadá (e, mais discretamente, pela França), mas igualmente vetado pelos Estados Unidos.
(CR)


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