São Paulo, domingo, 31 de janeiro de 1999

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PARA COMPARAR
País mantém estrangeiros longe de potências industriais, cujos balanços melhoraram 50% em 4 meses
Conglomerados coreanos se fortalecem

do enviado especial

A mesma mistura de confucionismo com protecionismo que colocou a Coréia do Sul no centro da crise financeira mundial, em dezembro de 1997, parece estar fazendo o país sair dela.
Apesar de ter vendido dois bancos e uma seguradora para investidores internacionais, o país não entrega aos estrangeiros seu maior patrimônio: o parque industrial construído nas três últimas décadas e que transformou o país em potência econômica.
Os cinco maiores conglomerados continuam nas mãos das mesmas famílias e, apesar de algumas concessões feitas ao presidente reformista Kim Dae Jung, estão cada vez mais fortes.
Com a recuperação da Bolsa de Seul e do won e de um aumento no preço de alguns produtos eletrônicos no mercado internacional, os balanços dos conglomerados melhoraram 50% em quatro meses.
A proporção de dívidas de curto prazo sobre o total de dívidas externas da economia sul-coreana caiu de um patamar de 80% para 20% em 1998.
"Os conglomerados ainda têm vários problemas, mas existe uma grande possibilidade de eles saírem da crise mais fortes do que quando entraram", disse uma análise da Goldman Sachs.
Um exemplo da mentalidade que está guiando a recuperação econômica da Coréia do Sul foi o resultado "caseiro" e polêmico do terceiro leilão realizado para a aquisição das montadoras falidas Kia e Asia.
A Hyundai Motor, maior fabricante de automóveis da Coréia do Sul e uma unidade do grupo Hyundai, maior conglomerado do país, ganhou a disputa mesmo com dívidas três vezes maiores que seu capital. A Ford protestou.
A forma de recuperação da economia sul-coreana também pode ser retratada pelo desempenho de companhias como a Posco (Pohang Iron & Steel Corporation), segunda siderúrgica do mundo.
Em 1998, ano em que as siderúrgicas japonesas -seus mais fortes concorrentes- anunciaram as piores vendas da história, a Posco registrou seu melhor resultado desde que foi criada, em 1968.
Com um lucro líquido de US$ 944 milhões, a companhia soube aliar os baixos preços de minério (sua matéria-prima) no mercado internacional com a flutuação do dólar e do iene.
Agora, a Posco é acusada de concorrência desleal por pelo menos três países (Taiwan, China e EUA). "Nós agimos com correção", disse à Folha o diretor-gerente da companhia, Byung-Chang Yoo.



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