São Paulo, domingo, 31 de janeiro de 1999

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México se recupera e cresce 5%



da Reportagem Local

A crise mexicana é a primeira referência nesta década quando se fala em crise cambial.
Foi em dezembro de 1994 que o México foi obrigado a deixar o peso flutuar, depois de uma malograda tentativa de aumentar o teto da banda.
Somada à relativa instabilidade política gerada pela mudança de governo -o presidente Ernesto Zedillo assumira apenas três semanas antes-, a queda da moeda mexicana gerou um pânico que assustou investidores e arrasou com as reservas.
No entanto, a recuperação veio muito mais rápida que o esperado. O México nem chegou a usar a totalidade da ajuda do FMI (Fundo Monetário Internacional).
O crescimento vem se mantendo desde então e beirou os 5% no ano passado.
Durante todo o ano de 1995, o "efeito tequila" afetou as economias de vários países, especialmente na América Latina. Os juros mexicanos chegaram a bater em 50% ao ano.
No caso mexicano, a desvalorização da moeda nacional, o peso, abriu margem para um aumento das exportações, que vinham sendo prejudicadas pela sobrevalorização da moeda, gerando um déficit comercial.
Em meio à recessão que fez o PIB (Produto Interno Bruto) contrair-se mais de 6% em 1995, os exportadores mexicanos fizeram a festa, exportando um volume 30% superior ao do ano anterior.
Essa foi uma das chaves da recuperação do país. Com as exportações mais baratas -e a mão-de-obra também, já que os salários caíram 25% em termos reais-, o México passou a ser um parceiro preferencial dos vizinhos Estados Unidos.
Muitas grandes indústrias norte-americanas criaram unidades no México, e 84% das exportações mexicanas vão para os Estados Unidos.
Outra medida, o ajuste fiscal, permitiu que os juros baixassem e ajudou a estabilizar a economia.
Hoje, a moeda mexicana flutua livremente. Depois de uma recuperação inicial, começou uma desvalorização que não saiu de controle, embora a cotação hoje oscile em torno de 10 por dólar, contra 6 a 8 por dólar em 95.
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Na Rússia Ao contrário do México, a Rússia parece cada vez mais afundada na crise iniciada depois da desvalorização cambial de 17 de agosto do ano passado, que saiu de controle dias depois.
Com a moratória da dívida, o país deixou de receber recursos externos, até mesmo a maior parte do pacote de ajuda do FMI. A economia frágil construída após a queda do comunismo entrou em colapso.
A desvalorização transformou em pó a poupança de milhares de pessoas, especialmente aposentados que viviam de seus rendimentos. O número de pessoas abaixo da linha de pobreza (que ganham menos de US$ 35, segundo critérios do país) equivale a 30% da população.
Além disso, a situação política adversa gerada pelos problemas de saúde do presidente Boris Ieltsin impede que sejam aprovadas reformas no Congresso local.



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