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"Velhinha de Taubaté" previu crise
da Reportagem Local
Dois personagens do imaginário
popular, a mitológica "velhinha de
Taubaté" e Mané Garrincha, a
"Alegria do Povo", campeão nas
Copas de 58 e 62, figuraram nas
análises de dois consultores que
previram com tintas mais fortes a
iminência do colapso da âncora
cambial.
A Rosenberg e Associados, ao desejar "boas festas" a seus clientes e
amigos em sua carta semanal de 25
de dezembro de 1998, fazia o seguinte alerta: "A velhinha de Taubaté acaba de contratar uma operação de "hedge' cambial".
Quem seguiu os conselhos da sábia velhinha -o "hedge", que
quer dizer salvaguarda, é uma operação usada por compradores e
vendedores para se resguardarem
da flutuação de preços- pode ter
evitado os prejuízos causados pelo
"efeito samba".
A Rosenberg e Associados estimou, na última semana de 98, que
o dólar valeria R$ 1,468, com uma
desvalorização de 21,5%, no dia 31
de dezembro deste ano.
Antônio Corrêa de Lacerda, presidente do Cofecon (Conselho Federal de Economia), qualificou, no
final do mês passado, de "inevitável" a desvalorização do real.
O que ele não esperava é que isso
acontecesse tão cedo: "Após um
ajuste fiscal, o Brasil não vai escapar de uma desvalorização cambial", disse.
Ressaltando que o Brasil, por ter
aumentado excessivamente sua
vulnerabilidade externa, já não podia mais conduzir autonomamente sua política cambial, Lacerda
disse que, a exemplo de um episódio envolvendo o genial jogador de
futebol Garrincha, morto em 83, a
estratégia cambial brasileira tinha
sido atropelada por fatores que a
equipe econômica não tinha como
controlar.
Antecedendo um importante jogo da Copa do Mundo de 58, o técnico da seleção, Vicente Feola, expôs um elaborado esquema tático
capaz de fulminar o adversário no
primeiro tempo. Terminada a exposição, Garrincha perguntou ao
técnico se tudo já estava "combinado com os adversários".
Na questão do câmbio, afirma
Lacerda, a condução da política de
desvalorização gradual do real em
relação ao dólar passou a depender
de fatores incontroláveis, tais como a cotação do dólar em relação
às demais moedas, a desvalorização das moedas dos demais países
emergentes e o fluxo de capitais
destinados aos países em desenvolvimento.
(ACS)
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