São Paulo, sexta-feira, 31 de março de 2000


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PREÇOS
Pressão dos combustíveis faz Banco Central rever estimativa de reajuste de tarifas públicas de 9,2% para 11,2%
BC prevê aumento da inflação em abril

da Sucursal de Brasília

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central prevê aumento da inflação a partir de abril. A estimativa de aumento das tarifas públicas neste ano foi elevada de 9,2% para 11,2% pelo comitê devido, principalmente, ao aumento dos combustíveis neste mês.
Essas informações estão na ata da última reunião do Copom. Na reunião do dia 16 de fevereiro, o Copom já falava em um ""pequeno aumento (da inflação) no segundo trimestre". Daquela reunião para a última, o governo teve de reajustar o preço da gasolina em 7%.
""O quadro geral apresenta-se favorável à estabilidade dos preços internos, mas o choque de oferta representado pela alta dos preços internacionais do petróleo e a elevação dos preços internos administrados (tarifas públicas), prevista para o segundo e terceiro trimestres, são fatores de risco que precisam ser cautelosamente avaliados", diz a ata.
O Copom afirmou, porém, que as expectativas do mercado financeiro em relação à inflação anual medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) passou de 6,88% em fevereiro para 6,5% em março. A meta de inflação do BC é de 6% para este ano, mas será considerada cumprida se o índice ficar entre 4% e 8%.
Na ata da última reunião, a necessidade de antecipar o aumento esperado da inflação no segundo e no terceiro trimestres deste ano serve como justificativa para a manutenção da taxa de juros em 19% ao ano desde setembro de 99, mas que foi reduzida nesta semana para 18,5% anuais.
""Há uma defasagem estimada em seis a nove meses entre o momento de alteração nas taxas de juros e o do impacto sobre o nível de preços", diz a ata.
Além do mínimo e das tarifas públicas, o Copom considerou os impactos do aumento das taxas de juros norte-americanas, a neutralidade do setor agrícola quanto a pressões sobre preços e o cumprimento da meta de superávit primário (economia de receitas para pagamento de juros) do setor público para este ano.
A ata do Copom destacou vários sinais de crescimento da economia. Um deles é o aumento da utilização da capacidade instalada da indústria. De acordo com a ata, o nível atual de utilização dessa capacidade se assemelha ao verificado no primeiro trimestre de 95, o maior do Plano Real.
""A Sondagem Industrial da Indústria de Transformação da FGV (Fundação Getúlio Vargas) registrou a intenção de ampliação da capacidade instalada em 10% até o final deste ano", diz a ata.
Mas o aumento da atividade econômica, segundo o Copom, não constitui fonte de pressão inflacionária no momento atual.
Outro ponto destacado no documento é o aumento de investimentos produtivos no país, com exceção da construção civil. Segundo a ata, a produção e importação de bens de capital (como maquinário para as fábricas) cresceu 2,3% e 14%, respectivamente, em janeiro. Em dezembro do ano passado, a produção de bens de capital havia subido 2,7%, mas a importação caíra 11,3%.
O Copom ressaltou que o aumento da taxa de desemprego, de 6,28% em dezembro foi para 7,63% em janeiro, foi sazanol e não compromete a tendência de recuperação dos postos de trabalho. De acordo com a ata, foram criados na indústria de São Paulo 2.230 novos empregos.
O Comitê abordou também o comportamento da dívida interna. O documento informa que o BC retirou do mercado, líquidos, R$ 400 milhões em títulos cambiais. No entanto, emitiu mais R$ 9,9 bilhões de papéis prefixados.



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