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VIZINHO NO ESCURO
Apoio permite que argentinos retomem a tensão normal
Brasil fornece energia à Argentina
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil forneceu desde a madrugada de ontem, de forma
emergencial, energia para a Argentina. Segundo a ministra Dilma Rousseff (Minas e Energia), o
auxílio, no total de 500 MW (megawatts), deve terminar hoje.
O governo brasileiro já estava se
preparando para enviar energia
para a Argentina a partir de maio.
"Fomos pegos de surpresa", disse
Dilma. Ela explicou que esse envio emergencial não é cobrado.
No futuro, quando for necessário,
o Brasil poderá receber 500 MW
da Argentina para compensar.
O apoio emergencial do Brasil
permitiu que o sistema elétrico
argentino retomasse a tensão padrão, de 220 volts.
Anteontem, o governo argentino decidiu baixar a voltagem da
energia fornecida aos usuários em
5%, para 209 volts, com objetivo
de obter uma economia de 3% no
consumo e minimizar os efeitos
da crise de energia. Além do recebimento da energia brasileira, o
governo Kirchner fechou um
acordo para que três companhias
produtoras de gás natural injetassem na rede de gasodutos do país
um adicional de três milhões de
metros cúbicos diários do produto a serem enviados às geradoras.
A crise energética na Argentina
se agravou nos últimos meses,
com o aumento da demanda, motivada pela recuperação econômica do país, depois de uma forte retração.
No centro da crise, está uma disputa entre o governo e as concessionárias, principalmente as produtoras de gás. Pelo menos 45%
da energia consumida na Argentina é produzida por termelétricas.
De um lado, o governo acusa as
empresas de não terem investido
nos últimos anos no aumento da
produção de gás -e em hidrelétricas- para atender a demanda.
As concessionárias afirmam
que, além de estarem com as tarifas congeladas desde a pesificação
(conversação das dívidas e tarifas
de dólares para pesos), o valor pago às geradoras de energia representa um terço da média mundial.
O setor elétrico no país foi privatizado nos anos 90. Por conta
da eficiência das empresas e do
sistema regulatório, a energia
produzida custava em média US$
24 por megawatt, quando o preço
mundial oscilava entre US$ 30 e
US$ 35.
Mas na pesificação, após a derrocada do regime de câmbio fixo,
as tarifas foram convertidas na
paridade de um por um. Ou seja,
geradores recebem hoje o equivalente a US$ 8 por megawatt.
De acordo com analistas argentino, o país enfrenta um déficit de
cinco milhões de metros cúbicos
diários de gás. Para contornar o
problema, o governo decidiu racionar a venda de gás para o Chile.
A Argentina negocia com a Bolívia a importação de gás. Mas o
governo boliviano teme que parte
do produto seja, na verdade, reexportado para o Chile, país com o
qual mantém divergências políticas históricas.
(JOSÉ ALAN DIAS)
Com a Sucursal de Brasília
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