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COLAPSO NA ARGENTINA
Presidente consegue derrubar lei como o FMI queria, mas cresce pressão pela antecipação da eleição
Vitória no Senado dá sobrevida a Duhalde
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
Em votação bastante apertada, o
Senado argentino aprovou ontem
a eliminação da lei de Subversão
Econômica e atendeu a mais uma
exigência para o FMI (Fundo Monetário Internacional) conceder
novo empréstimo ao país.
O projeto foi aprovado por 34
votos a favor e 34 contrários. Nesse caso, a legislação argentina prevê que o desempate é feito com
um novo voto do presidente do
Senado, o peronista Juan Carlos
Maqueda, que garantiu a vitória
do governo.
Na semana passada, o presidente Eduardo Duhalde ameaçou renunciar se não tivesse o apoio dos
legisladores para atender às exigências do Fundo. Para analistas
políticos ouvidos pela Folha, o
presidente realmente não teria
outra saída a não ser a renúncia se
perdesse a votação no Senado.
Para Oscar Raúl Cardozo, um
dos mais influentes analistas políticos do país, Duhalde ficaria muito "débil" tanto para vetar um
projeto que não atendesse ao FMI
e mandar um novo projeto ao
Congresso quanto para renegociar com o Fundo as condições
para a liberação do empréstimo.
Vitória inesperada
Durante toda a tarde, houve expectativa de que o Senado não
aprovasse a eliminação da lei. De
acordo com as contagens preliminares, o governo perderia por 35
votos contrários e 34 favoráveis.
Isso porque a UCR -segundo
maior partido do país- havia garantido dar quórum à votação,
mas já tinha informado ao presidente e às demais lideranças peronistas que votaria contra a eliminação da lei. Além disso, ao receber a notícia de que a votação seria apertada, o governador de
Santa Cruz, Néstor Kirchner, que
apesar de peronista faz parte da
oposição ao governo, teria oferecido o avião provincial para que o
senador Lázaro Chiappe, que não
estava em plenário, pudesse viajar
de Corrientes para Buenos Aires e
votasse contra Duhalde.
Eleições gerais
Apesar da vitória, o presidente
vê crescer as pressões para a antecipação das eleições. Lideranças
peronistas como os governadores
José Manuel de la Sota (Córdoba),
Carlos Reutemann (Santa Fé) e
Felipe Solá (Buenos Aires), além
de vários deputados ligados ao
ex-presidente Carlos Menem, revelaram ontem defender eleições
gerais para todos os cargos, e não
apenas para presidente.
O projeto deve ser analisado na
Câmara na próxima terça-feira.
Segundo a imprensa local, essas
lideranças peronistas também já
articulariam a antecipação da
eleição de setembro de 2003 para
dezembro deste ano.
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