São Paulo, sexta-feira, 31 de maio de 2002

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COLAPSO NA ARGENTINA

Presidente consegue derrubar lei como o FMI queria, mas cresce pressão pela antecipação da eleição

Vitória no Senado dá sobrevida a Duhalde

JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES

Em votação bastante apertada, o Senado argentino aprovou ontem a eliminação da lei de Subversão Econômica e atendeu a mais uma exigência para o FMI (Fundo Monetário Internacional) conceder novo empréstimo ao país.
O projeto foi aprovado por 34 votos a favor e 34 contrários. Nesse caso, a legislação argentina prevê que o desempate é feito com um novo voto do presidente do Senado, o peronista Juan Carlos Maqueda, que garantiu a vitória do governo.
Na semana passada, o presidente Eduardo Duhalde ameaçou renunciar se não tivesse o apoio dos legisladores para atender às exigências do Fundo. Para analistas políticos ouvidos pela Folha, o presidente realmente não teria outra saída a não ser a renúncia se perdesse a votação no Senado.
Para Oscar Raúl Cardozo, um dos mais influentes analistas políticos do país, Duhalde ficaria muito "débil" tanto para vetar um projeto que não atendesse ao FMI e mandar um novo projeto ao Congresso quanto para renegociar com o Fundo as condições para a liberação do empréstimo.

Vitória inesperada
Durante toda a tarde, houve expectativa de que o Senado não aprovasse a eliminação da lei. De acordo com as contagens preliminares, o governo perderia por 35 votos contrários e 34 favoráveis.
Isso porque a UCR -segundo maior partido do país- havia garantido dar quórum à votação, mas já tinha informado ao presidente e às demais lideranças peronistas que votaria contra a eliminação da lei. Além disso, ao receber a notícia de que a votação seria apertada, o governador de Santa Cruz, Néstor Kirchner, que apesar de peronista faz parte da oposição ao governo, teria oferecido o avião provincial para que o senador Lázaro Chiappe, que não estava em plenário, pudesse viajar de Corrientes para Buenos Aires e votasse contra Duhalde.

Eleições gerais
Apesar da vitória, o presidente vê crescer as pressões para a antecipação das eleições. Lideranças peronistas como os governadores José Manuel de la Sota (Córdoba), Carlos Reutemann (Santa Fé) e Felipe Solá (Buenos Aires), além de vários deputados ligados ao ex-presidente Carlos Menem, revelaram ontem defender eleições gerais para todos os cargos, e não apenas para presidente.
O projeto deve ser analisado na Câmara na próxima terça-feira. Segundo a imprensa local, essas lideranças peronistas também já articulariam a antecipação da eleição de setembro de 2003 para dezembro deste ano.



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