São Paulo, sexta-feira, 31 de maio de 2002

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Miséria traz aumento da violência no país

DE BUENOS AIRES

A onda de sequestros-relâmpagos chegou à Argentina com o empobrecimento da população. O país, que sempre foi considerado seguro para os padrões brasileiros, agora já não sabe como conter a explosão da violência.
Apesar de a polícia não divulgar as estatísticas oficiais, cinco sequestros chegam a ser registrados em apenas um dia no país.
A tendência é confirmada pelas empresas de seguro. Como a legislação local proíbe a venda de seguros anti-sequestro, apenas empresas estrangeiras oferecem muito discretamente esse serviço.
De acordo com essas seguradoras, até o ano passado esse tipo de serviço atraía apenas o interesse de empresários que viajavam constantemente para o Brasil, a Colômbia ou o México.
No entanto, após os recentes sequestros do irmão do jogador de futebol Juan Roman Riquelme, o maior ídolo do Boca Juniors, e do sobrinho do ex-presidente Carlos Menem, a população também passou a contratar esse tipo de seguro mesmo planejando permanecer na Argentina.
Como no Brasil, a modalidade mais comum de crime é o sequestro-relâmpago, em que a vítima é obrigada a sacar todos os recursos disponíveis nos bancos antes de ser libertada.
No entanto, devido às restrições bancárias impostas pelo curralzinho -que impede os argentinos de sacar mais de 1.200 pesos das contas correntes por mês-, boa parte das vítimas também são levadas para cativeiros.
Também como no Brasil, as causas apontadas pela polícia para o aumento dos sequestros são a pobreza da população e o forte aparato de segurança instalado em bancos e lojas. Dessa forma, o cidadão comum se tornou a vítima em potencial.
Para conter a explosão de sequestros, o governo quer transformar em crime inafiançável (aquele em que a pessoa acusada não pode pagar fiança para responder o processo em liberdade) o porte ilegal de armas. Esse projeto tem sido elaborado em conjunto pelo governo e por legisladores e deve chegar ao Congresso em junho. (JS)


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