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Miséria traz aumento da violência no país
DE BUENOS AIRES
A onda de sequestros-relâmpagos chegou à Argentina com o
empobrecimento da população.
O país, que sempre foi considerado seguro para os padrões brasileiros, agora já não sabe como conter a explosão da violência.
Apesar de a polícia não divulgar as estatísticas oficiais, cinco sequestros chegam a ser registrados em apenas um dia no país.
A tendência é confirmada pelas empresas de seguro. Como a legislação local proíbe a venda de seguros anti-sequestro, apenas empresas estrangeiras oferecem
muito discretamente esse serviço.
De acordo com essas seguradoras, até o ano passado esse tipo de
serviço atraía apenas o interesse
de empresários que viajavam
constantemente para o Brasil, a
Colômbia ou o México.
No entanto, após os recentes sequestros do irmão do jogador de
futebol Juan Roman Riquelme, o
maior ídolo do Boca Juniors, e do
sobrinho do ex-presidente Carlos
Menem, a população também
passou a contratar esse tipo de seguro mesmo planejando permanecer na Argentina.
Como no Brasil, a modalidade
mais comum de crime é o sequestro-relâmpago, em que a vítima é
obrigada a sacar todos os recursos
disponíveis nos bancos antes de
ser libertada.
No entanto, devido às restrições
bancárias impostas pelo curralzinho -que impede os argentinos
de sacar mais de 1.200 pesos das
contas correntes por mês-, boa
parte das vítimas também são levadas para cativeiros.
Também como no Brasil, as
causas apontadas pela polícia para o aumento dos sequestros são a
pobreza da população e o forte
aparato de segurança instalado
em bancos e lojas. Dessa forma, o
cidadão comum se tornou a vítima em potencial.
Para conter a explosão de sequestros, o governo quer transformar em crime inafiançável (aquele em que a pessoa acusada não pode pagar fiança para responder o processo em liberdade) o porte ilegal de armas. Esse projeto tem sido elaborado em conjunto pelo governo e por legisladores e deve chegar ao Congresso em junho. (JS)
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