São Paulo, quarta-feira, 31 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Argentina é "quase uma festa", diz BC

DE BUENOS AIRES

O presidente do Banco Central argentino, Aldo Pignanelli, disse que o mercado argentino é "quase uma festa" se comparado a Brasil, Chile e Uruguai, que vivem momentos turbulentos.
Em entrevista ao canal de televisão Todo Noticias, Pignanelli citou a calmaria no mercado de câmbio argentino registrada nos últimos 70 dias para sustentar a tese de que o país vive um momento mais estável que os vizinhos da região.
O presidente do BC atribuiu a estabilidade à melhora da arrecadação do governo, à redução da fuga de depósitos dos bancos e à expectativa de um rápido acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), que, segundo ele, sairá em até três semanas.
Por esses motivos, a Argentina seria neste momento "a pérola branca da América Latina".
A entrevista causou mal-estar dentro do próprio governo, que não vê motivos para festejar em um momento em que o desemprego, a pobreza e a queda do PIB bateram recordes históricos.
O chefe de gabinete, Alfredo Atanasof, tentou consertar as declarações de Pignanelli, que teria falado em "festa" como "uma ironia ou uma metáfora". No entanto, ele disse também acreditar que "a Argentina hoje está em uma situação mais estável que o resto dos países da região do ponto de vista macroeconômico".
Com o agravamento da crise brasileira, os jornais argentinos também começaram a comparar abertamente a situação econômica dos dois países.
Para o jornal "Página 12", a economia brasileira já não está melhor do que a argentina. "Não chores por mim, Brasil" foi a manchete do jornal, que culpou o FMI pela crise na região.
O diário econômico "Ámbito Financiero" informou que o dólar poderia chegar a R$ 4 nos próximos dias.
O "Clarín" adotou um tom mais moderado e disse que Brasil e Argentina tem "debilidades", mas agem diferentemente. Um exemplo seria a reação "enérgica" do governo brasileiro às críticas do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Paul O'Neill, de que haveria corrupção na América Latina. Enquanto isso, a posição do governo argentino teria sido "mais que moderada". (JS)


Texto Anterior: Uruguai fecha bancos para deter corrida
Próximo Texto: Piora do Brasil adia a melhora da Argentina
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.