São Paulo, quarta-feira, 31 de julho de 2002

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MERCADO FINANCEIRO

Apesar de nervosismo cambial, Bovespa tem alta de 1,09%, no mercado futuro, juro continua a subir

Bolsa sobe pelo segundo dia consecutivo

DA REPORTAGEM LOCAL

DE WASHINGTON

A Bovespa subiu 1,09% ontem e, mais uma vez conseguiu se valorizar, apesar da forte alta do dólar. O volume negociado ficou em R$ 828,524 milhões, o maior giro em um dia em dois meses.
A alta da Bolsa é vista como uma correção, já que o preço das ações está barato. Com a alta do dólar e a instabilidade internacional, cresce a procura por um ativo real, que dê certa segurança segurança aos investidores.
Papéis de empresas sólidas, como a Vale do Rio Doce, estão com preços atrativos e se beneficiam desse fato. A ação preferencial da companhia subiu 8% ontem.
Já as ações de banco caíram forte. Os papéis preferenciais do Bradesco, os mais negociados do Ibovespa ontem, caíram 3,5%. Itaú PN se desvalorizou em 4,8%.
Operadores afirmam que estrangeiros fogem desses papéis desde a semana passada. Os bancos brasileiros passam por situação delicada porque detêm grande quantidade de títulos públicos e são prejudicados pela desconfiança em relação à capacidade de o governo brasileiro pagar sua dívida. Os C-Bonds caíram 5,6%.
Segundo a Folha informou anteontem, a busca por dólares no mercado à vista provocou um buraco de até US$ 3 bilhões na contabilidade de bancos brasileiros.
O "descasamento" ocorre quando um banco brasileiro antecipa empréstimos a sua base de clientes sem ter ainda obtido as linhas comerciais de bancos internacionais. Quando isso ocorre, o banco é obrigado a usar seu próprio capital para fazer empréstimos, reduzindo seu caixa.
Reinaldo da Costa Rios, diretor de Operações de Tesouraria da Febraban e diretor Tesoureiro do Unibanco, reconheceu que está havendo o descasamento entre o valor da captação de linhas comerciais dos bancos brasileiros no exterior e o valor dos empréstimos concedidos, por esses bancos, a seus clientes no Brasil.
No entanto, disse que esse descasamento é "passageiro" e "muito menor" que US$ 3 bilhões. Ele não quis informar valores.
A alta do dólar também tem influenciado negativamente as projeções para as taxas de juros.
Os contratos de maior liquidez, para janeiro de 2003, passaram de 25,43% para 26,11%. O mercado especula que o governo possa elevar os juros para conter o nervosismo do mercado cambial.
(ANA PAULA RAGAZZI E MARCIO AITH)


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