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UE acena com concessões suculentas
DO ENVIADO ESPECIAL A MONTRÉAL
A União Européia acenou ontem para o Mercosul com concessões mais suculentas, na área agrícola, do que se dispõe a oferecer
no âmbito global, o da Organização Mundial do Comércio.
A oferta foi feita durante café da
manhã entre os comissários europeus Pascal Lamy (Comércio) e
Franz Fischler (Agricultura) e as
delegações do Brasil e da Argentina que participaram da conferência miniministerial da OMC em
Montréal (Canadá).
A proposta européia passa pelo
oferecimento de cotas para exportação com tarifas mais baixas
do que as usuais ou tarifa zero.
"Se for para ganhar mais do que
na OMC, é um exercício interessante", avalia o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior).
O próprio Furlan faz a seguinte
conta: "Digamos que hoje a tarifa
seja 100 e que eles ofereçam uma
cota "x" para que exportemos
sem tarifa. Mesmo que, na negociação da OMC, a tarifa caia para
50, ainda assim ganhamos 50".
Martín Redrado, o vice-chanceler argentino, também gostou,
mas ressalva: "Depende muito da
lista de produtos sensíveis que
eles apresentarem" [ou seja,
aqueles sobre os quais não haverá
concessões].
Missão a Bruxelas
Ficou combinado, no café da
manhã, que uma missão técnica
do Mercosul irá o mais depressa
possível a Bruxelas, a sede da UE,
para que os europeus expliquem
como a reforma de sua política
agrícola interna se traduzirá nas
negociações internacionais.
Os europeus haviam proposto
já para 28 de agosto uma reunião
ministerial, instância máxima das
negociações entre os dois blocos.
O Mercosul recusou, por temer
que se tratasse apenas de uma
tentativa de abrandar a posição
do bloco do Sul para a reunião da
OMC em Cancún (México), marcada para setembro.
Por isso, ficou acertada a missão
técnica e adiado para depois de
Cancún o encontro ministerial.
A delegação brasileira manteve
também encontro bilateral com
Robert Zoellick, chefe do Comércio Exterior norte-americano.
Furlan entendeu, do encontro,
que os Estados Unidos "estão gradativamente absorvendo" a nova
posição brasileira sobre a Alca
(Área de Livre Comércio das
Américas).
Nega, com isso, que haja desconforto de Washington com o
papel menor que a Alca terá na estratégia que o ministro Celso
Amorim define como de "três trilhos".
(CR)
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