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São Paulo, quinta-feira, 31 de julho de 2003

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UE acena com concessões suculentas

DO ENVIADO ESPECIAL A MONTRÉAL

A União Européia acenou ontem para o Mercosul com concessões mais suculentas, na área agrícola, do que se dispõe a oferecer no âmbito global, o da Organização Mundial do Comércio.
A oferta foi feita durante café da manhã entre os comissários europeus Pascal Lamy (Comércio) e Franz Fischler (Agricultura) e as delegações do Brasil e da Argentina que participaram da conferência miniministerial da OMC em Montréal (Canadá).
A proposta européia passa pelo oferecimento de cotas para exportação com tarifas mais baixas do que as usuais ou tarifa zero.
"Se for para ganhar mais do que na OMC, é um exercício interessante", avalia o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).
O próprio Furlan faz a seguinte conta: "Digamos que hoje a tarifa seja 100 e que eles ofereçam uma cota "x" para que exportemos sem tarifa. Mesmo que, na negociação da OMC, a tarifa caia para 50, ainda assim ganhamos 50".
Martín Redrado, o vice-chanceler argentino, também gostou, mas ressalva: "Depende muito da lista de produtos sensíveis que eles apresentarem" [ou seja, aqueles sobre os quais não haverá concessões].

Missão a Bruxelas
Ficou combinado, no café da manhã, que uma missão técnica do Mercosul irá o mais depressa possível a Bruxelas, a sede da UE, para que os europeus expliquem como a reforma de sua política agrícola interna se traduzirá nas negociações internacionais.
Os europeus haviam proposto já para 28 de agosto uma reunião ministerial, instância máxima das negociações entre os dois blocos. O Mercosul recusou, por temer que se tratasse apenas de uma tentativa de abrandar a posição do bloco do Sul para a reunião da OMC em Cancún (México), marcada para setembro.
Por isso, ficou acertada a missão técnica e adiado para depois de Cancún o encontro ministerial.
A delegação brasileira manteve também encontro bilateral com Robert Zoellick, chefe do Comércio Exterior norte-americano. Furlan entendeu, do encontro, que os Estados Unidos "estão gradativamente absorvendo" a nova posição brasileira sobre a Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Nega, com isso, que haja desconforto de Washington com o papel menor que a Alca terá na estratégia que o ministro Celso Amorim define como de "três trilhos". (CR)


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