São Paulo, quinta-feira, 31 de julho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

IGP-M se desacelera em julho, mas passa de 15% em 12 meses

Neste mês, índice subiu 1,76%, contra 1,98% em junho; preços no atacado puxaram alta, com aumento de 2,20%
Com demanda aquecida, há tendência de repasse quase integral do aumento dos preços do atacado para o varejo, avalia a FGV

TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO

O IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado) desacelerou de junho (1,98%) para julho (1,76%), mas em 12 meses atingiu 15,12% -a maior taxa desde outubro de 2003.
Com alta de 2,20% neste mês, semelhante à de junho (2,27%), o IPA (Índice de Preços por Atacado) puxou o crescimento da inflação medida pela FGV (Fundação Getulio Vargas). Os produtos agropecuários passaram de uma alta de 3,35% em junho para 3,69% em julho, impulsionados pelos preços do milho e da soja.
Já os industriais avançaram menos (1,63%, contra 1,86% em junho), influenciados pela redução da pressão de minério de ferro e fertilizantes. Esse último item subiu 86,57% em 12 meses, mas só 1,19% em julho.
Com a demanda aquecida, avalia Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da FGV, há uma tendência de repasse quase integral do aumento dos preços do atacado para o varejo, já que a variação dos bens de consumo dentro do IPC (Índice de Preços ao Consumidor) foi de 8,37% em 12 meses e a dos bens finais dentro do IPA, de 9%.
Entre os exemplos estão a carne bovina, que subiu 38,31% no varejo e 35,44% no atacado no período, e o óleo de soja, com altas de 58,56% e 56,35%, respectivamente. O feijão também teve variações semelhantes: altas de 137,38% no atacado e de 134,13% (carioquinha) e de 142,82% (preto) no varejo.
Com menor pressão do item alimentação, o IPC passou de 0,89% em junho para 0,65% em julho. O ritmo de crescimento do INCC (Índice Nacional da Construção Civil) também diminuiu, de 2,67% para 1,42%, com a menor quantidade de aumentos salariais neste mês. "O IGP-M está em trajetória de desaceleração", prevê Quadros.
Como reflexo da alta de 0,75 ponto percentual na Selic na semana passada, além das outras duas de 0,50 ponto neste ano, Fábio Romão, economista da LCA, avalia que a atividade econômica deve apresentar ritmo de expansão mais modesto neste semestre em comparação com o primeiro, o que vai fazer com que haja "menos espaço para o repasse de preços".
Na opinião de Quadros, o combate à inflação não precisaria ser feito exclusivamente por meio da taxa de juros. "Poderia haver um reforço da política fiscal, com os gastos do governo sendo mais controlados para compensar a alta da demanda pelos consumidores".


Texto Anterior: Preços: Reajuste de tarifas no serviço dos correios já começa a valer hoje
Próximo Texto: Saiba mais: Especialistas recomendam negociar aluguel
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.