São Paulo, Sábado, 31 de Julho de 1999
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APLICAÇÕES
Moeda se valoriza e Bolsa cai com incertezas; renda fixa não consegue alcançar inflação pelo IGP-M
Dólar lidera e o juro real fica negativo

da Redação

O dólar liderou o ranking das aplicações financeiras em julho, seguido pelos investimentos em renda fixa, já que a Bolsa de Valores despencou. Os juros, entretanto, perderam da inflação medida pelo IGP-M.
Como o regime cambial é agora flutuante e cresceram as incertezas no mercado (Argentina, EUA e ajuste fiscal no Brasil), tanto o dólar comercial quanto o paralelo tiveram valorização acima de 2% no mês.
Isso não significa, porém, que a compra de dólar virou bom negócio. A moeda norte-americana se valorizou, caindo um pouco no final do mês, porque no regime flutuante é assim que funciona. Evita, ao contrário do que ocorria no passado, que pressões cambiais sejam neutralizadas pela política monetária.
Os juros básicos, pelo contrário, até caíram no final deste mês. A taxa básica recuou de 21% para 19,5% ao ano, já que, na visão do Banco Central, a trajetória da inflação (alvo da política monetária) é de queda a médio prazo, apesar do repique provocado neste mês pelo tarifaço.

Bolsa sem gás
A Bolsa de Valores esfriou, com queda superior a 10% no Índice Bovespa, porque o volume de negócios caiu muito.
Os investidores estrangeiros, que dão gás ao mercado acionário de países emergentes como o Brasil, se retraíram. Há incerteza no ar, e o custo da CPMF encareceu as operações feitas aqui. Muitas ações de empresas brasileiras podem ser negociadas diretamente em Nova York.

Renda fixa
No segmento de renda fixa, a liderança foi dos CDBs prefixados de grande investidor, com 1,62% bruto e 1,30% líquido em julho, após o desconto do Imposto de Renda de 20% (não foi computado no cálculo o efeito indireto da CPMF).
Mas essa aplicação não é para qualquer um. É taxa de mesa, para clientes especiais, ou seja, não consegue ser obtida pelo investidor comum que vai a uma agência bancária. Na média, os CDBs prefixados deram 1,5369% bruto ou 1,23% líquido no mês (22 dias úteis).
É rentabilidade próxima à média dos FIFs de 60 dias, e mais do que a dos fundos de 30 dias, devido, nesse último caso, ao compulsório de 5%.

Liquidez diária
A partir de agosto, tudo isso muda. Acaba até o compulsório de 50% dos fundos de curto prazo. Entra em cena o IOF que vai punir resgates até 29 dias. Com os juros atuais, aplicar por até 20 dias vai dar até prejuízo, devido à CPMF.
A maioria dos atuais FIFs e FACs ganhará liquidez diária, e o mês de julho já valeu para a contagem dos 29 dias sujeitos ao IOF. No 30º dia da aplicação a alíquota desse tributo é zero.

Juro real
A caderneta de poupança foi a lanterna da renda fixa, com apenas 0,7948%, praticamente a metade da inflação de 1,55% medida pelo IGP-M.
Os juros reais foram negativos não apenas na caderneta, mas também nas aplicações mais rentáveis. Analistas financeiros lembram, porém, que a medição dos juros reais não deve ser feita no curto prazo (um ou dois meses). Em horizontes mais amplos, os juros reais continuam positivos.
O ouro se desvalorizou em julho, apesar do movimento inverso do dólar, porque as cotações internacionais do metal estão no fundo do poço.
(GABRIEL J. DE CARVALHO)


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