São Paulo, Sábado, 31 de Julho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Argentinos negam ter feito concessões

ANDRÉ SOLIANI
de Buenos Aires

O governo argentino negou ter feito concessões ao Brasil para poder diminuir as tensões entre os parceiros comerciais.
O ministro do Interior, Carlos Corach, afirmou que seu país "não renunciou a nenhuma posição em suas aspirações". Segundo Corach, as negociações começarão na quarta-feira, quando autoridades do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai se reunirão em Montevidéu.
No encontro no Uruguai, a Argentina tentará conseguir compensações comerciais do Brasil. O vizinho brasileiro afirma que o país sofreu prejuízos com a desvalorização do real e que precisa de alguma medida a seu favor.
As declarações de Corach tentaram apaziguar protestos internos, um dia depois do encontro dos presidentes Carlos Menem e Fernando Henrique Cardoso.
No jantar de quinta-feira em Brasília, Menem se comprometeu a excluir o Mercosul da resolução que permitiria à Argentina adotar medidas de proteção (salvaguardas) contra a importação de produtos brasileiros.
Segundo o presidente do Uruguai, Julio María Sanguinetti, a suspensão da ameaça de mais salvaguardas foi um gesto importante de Menem, para remover o obstáculo que provocou a maior crise entre os dois principais sócios do Mercosul.
Os analistas argentinos afirmam que a Argentina realmente cedeu às pressões brasileiras ao excluir a possibilidade de impor salvaguardas dentro do Mercosul.
Segundo o ex-secretário de Comércio Exterior da Argentina, Raúl Ochoa, as declarações de Corach fazem parte do discurso interno. "As mensagens são para a frente interna. Ninguém pode admitir uma concessão de política externa num momento de crise interna", afirmou o ex-secretário.
Os principais jornais argentinos noticiaram que a Argentina havia feito concessões ao Brasil para acalmar os ânimos.
Segundo Ochoa, o importante é conseguir avançar na reunião de quarta-feira, para criar mecanismos de compensações dentro das regras do próprio Mercosul.




Texto Anterior: Cota para os têxteis será levada à OMC
Próximo Texto: Uruguai é contra restrições
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.