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COMBUSTÍVEIS
Empresa que faz pesquisa para agência, que é comparada à Sunab, não atinge todos os estabelecimentos
ANP e donos de postos trocam acusações
DO FOLHA NEWS
O diretor da ANP Luiz Augusto
Horta e representantes dos donos
de postos de combustíveis trocaram acusações ontem sobre o primeiro levantamento de preços do
álcool e da gasolina, divulgado
anteontem pela ANP (Agência
Nacional do Petróleo).
A lista aponta os postos que cobram preços abusivos (margem
de lucro acima de R$ 0,15 por litro).
O presidente da Fecombustíveis, Luiz Gil Siuffo Pereira, comparou a ANP à extinta Sunab. Ele
acusou o governo de transformar
os donos de postos em vilões.
O diretor da ANP rebateu afirmando que o acompanhamento
de preços não tem por objetivo
um tabelamento. É apenas um
serviço orientador para a escolha
do consumidor. Horta afirmou
que a próxima lista, que sai na
quarta-feira que vem, trará a margem de lucro praticada em cada
posto pesquisado.
Para o presidente da Fecombustíveis, a ANP deveria se preocupar
mais com os postos que tem margem de lucro abaixo de R$ 0,15,
pois são eles os suspeitos de praticar sonegação, adulteração e contrabando de combustível. Ele pediu também que a ANP fiscalize
as margens de lucro das distribuidoras.
"Ninguém fala dos preços dos
usineiros nem das distribuidoras.
A culpa é sempre do dono do posto", disse.
A assessoria da ANP informou
ontem no Rio que os postos de gasolina onde foram encontrados
valores diferentes dos divulgados
segunda-feira pela agência provavelmente mudaram seus preços
depois da pesquisa, feita entre 21 e
26 de agosto.
O levantamento feito pela Alternativa Consultoria -contratada
por 180 dias em regime de urgência e sem licitação- não atingiu
todos os 4.010 postos das 60 cidades pesquisadas, mas apenas
2.790 estabelecimentos.
De acordo com a agência, os
postos visitados foram selecionados pela empresa de consultoria, e
o órgão não pode informar qual o
critério da escolha. A assessoria
afirmou que, até o fim do prazo
do contrato com Alternativa, serão pesquisados todos os 4.010
postos.
A assessoria informou que a
ANP autuou os postos de gasolina
que se recusaram a prestar informações sobre os preços.
Dos 2.790 postos pesquisados,
47,77% se negaram a informar os
valores cobrados. Os proprietários dos estabelecimentos podem
apresentar defesa. Caso não seja
aceita, podem ser multados em
até R$ 20 mil.
O presidente da Fecombustíveis
disse ontem que a entidade está
orientando os donos de postos a
apresentar as notas fiscais emitidas pelas distribuidoras de combustíveis às equipes de monitoramento da ANP.
Ele explicou o fato de 66% dos
postos da capital paulistas terem
se negado a apresentar as notas
aos fiscais da ANP. "Os fiscais não
estavam identificados. Não temos
medos de amostragens."
Siuffo considerou que a ação do
governo de monitorar os preços
tem relação com os baixos índices
de popularidade do presidente
Fernando Henrique Cardoso.
O vice-presidente da Fecombustíveis, Aldo Guarda, afirmou
que a margem da ordem de R$
0,15 por litro de gasolina comum,
proposta pelo governo, apenas
cobre o custo operacional de um
posto de serviços padrão, deixando o empresário dessa atividade
sem remuneração própria e sem
lucros.
Colaborou a Sucursal do Rio
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