São Paulo, quinta-feira, 31 de agosto de 2000


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COMBUSTÍVEIS
Empresa que faz pesquisa para agência, que é comparada à Sunab, não atinge todos os estabelecimentos
ANP e donos de postos trocam acusações

DO FOLHA NEWS

O diretor da ANP Luiz Augusto Horta e representantes dos donos de postos de combustíveis trocaram acusações ontem sobre o primeiro levantamento de preços do álcool e da gasolina, divulgado anteontem pela ANP (Agência Nacional do Petróleo).
A lista aponta os postos que cobram preços abusivos (margem de lucro acima de R$ 0,15 por litro).
O presidente da Fecombustíveis, Luiz Gil Siuffo Pereira, comparou a ANP à extinta Sunab. Ele acusou o governo de transformar os donos de postos em vilões.
O diretor da ANP rebateu afirmando que o acompanhamento de preços não tem por objetivo um tabelamento. É apenas um serviço orientador para a escolha do consumidor. Horta afirmou que a próxima lista, que sai na quarta-feira que vem, trará a margem de lucro praticada em cada posto pesquisado.
Para o presidente da Fecombustíveis, a ANP deveria se preocupar mais com os postos que tem margem de lucro abaixo de R$ 0,15, pois são eles os suspeitos de praticar sonegação, adulteração e contrabando de combustível. Ele pediu também que a ANP fiscalize as margens de lucro das distribuidoras.
"Ninguém fala dos preços dos usineiros nem das distribuidoras. A culpa é sempre do dono do posto", disse.
A assessoria da ANP informou ontem no Rio que os postos de gasolina onde foram encontrados valores diferentes dos divulgados segunda-feira pela agência provavelmente mudaram seus preços depois da pesquisa, feita entre 21 e 26 de agosto.
O levantamento feito pela Alternativa Consultoria -contratada por 180 dias em regime de urgência e sem licitação- não atingiu todos os 4.010 postos das 60 cidades pesquisadas, mas apenas 2.790 estabelecimentos.
De acordo com a agência, os postos visitados foram selecionados pela empresa de consultoria, e o órgão não pode informar qual o critério da escolha. A assessoria afirmou que, até o fim do prazo do contrato com Alternativa, serão pesquisados todos os 4.010 postos.
A assessoria informou que a ANP autuou os postos de gasolina que se recusaram a prestar informações sobre os preços.
Dos 2.790 postos pesquisados, 47,77% se negaram a informar os valores cobrados. Os proprietários dos estabelecimentos podem apresentar defesa. Caso não seja aceita, podem ser multados em até R$ 20 mil.
O presidente da Fecombustíveis disse ontem que a entidade está orientando os donos de postos a apresentar as notas fiscais emitidas pelas distribuidoras de combustíveis às equipes de monitoramento da ANP.
Ele explicou o fato de 66% dos postos da capital paulistas terem se negado a apresentar as notas aos fiscais da ANP. "Os fiscais não estavam identificados. Não temos medos de amostragens."
Siuffo considerou que a ação do governo de monitorar os preços tem relação com os baixos índices de popularidade do presidente Fernando Henrique Cardoso.
O vice-presidente da Fecombustíveis, Aldo Guarda, afirmou que a margem da ordem de R$ 0,15 por litro de gasolina comum, proposta pelo governo, apenas cobre o custo operacional de um posto de serviços padrão, deixando o empresário dessa atividade sem remuneração própria e sem lucros.


Colaborou a Sucursal do Rio


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