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REFRIGERANTES
Pequenos e médios fabricantes reclamam que as isenções fiscais da multinacional são "imorais e aéticas"
Coca deve pagar mais imposto, diz tubaína
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
As tubaínas abriram uma frente
de batalha contra a Coca-Cola. Os
pequenos e médios fabricantes de
refrigerantes armaram um lobby
para tentar reduzir as vantagens
fiscais da multinacional americana no Brasil, conforme a Folha
antecipou. Não será uma batalha
muito fácil.
A Coca-Cola, dona de metade
do mercado de refrigerantes no
país, tem direito a benefícios tributários -como a isenção de IPI
-que são perfeitamente legais.
As tubaínas, por sua vez, representadas pela Abibi (Associação
Brasileira das Indústrias de Bebidas Independentes) dizem que as
isenções são "imorais e aéticas".
A Abibi já entregou ao secretário da Receita Federal, Everardo
Maciel, um calhamaço com simulações de preços dos produtos explicando quanto o governo perde,
em cada caixa com seis unidades
da marca Coca-Cola, com os benefícios fiscais concedidos à empresa.
Pelas contas das companhias de
tubaína, em cada caixa de refrigerante, não são recolhidos R$ 0,18
com a isenção de IPI. "A renúncia
fiscal anual chega a R$ 186,2 milhões", informa Fernando Pinheiro, presidente da Abibi, no relatório agora nas mãos de Maciel.
Esse montante é um pouco inferior ao valor do IPI pago por ano
pelas pequenas empresas do setor
(R$ 189,4 milhões).
Com sua fábrica de concentrados instalada na Zona Franca de
Manaus, a Coca-Cola usufrui do
regime de tributação local -com
direito a redução no pagamento
de Imposto de Renda e isenção do
IPI. Não é um direito exclusivo.
Todas as empresas instaladas na
região têm tais benefícios. Além
disso, a empresa tem direito a um
crédito de 27% no valor da aquisição de insumos.
Isso quer dizer que, cada vez
que a empresa importa R$ 100 em
matéria-prima, R$ 27 são contabilizados como crédito fiscal nas
contas do grupo. "Decisão do Supremo Tribunal Federal assegura
esse direito na aquisição de insumos já isentos", diz o relatório.
A Abibi sabe que não mudará as
regras do regime fiscal da Zona
Franca de Manaus, elaborado para atrair companhias para a região. Por isso não pediu para Maciel que o governo mude a lei. Mas
que passe a tributar a entrada de
insumos para produzir o concentrado no país. Isso inclui as embalagens, como resinas, garrafas e
latas, além da matéria-prima e
malte para cerveja.
Para convencer o governo, as
empresas de tubaína incluíram no
relatório uma comparação simples: apresentaram quais os preços médios de refrigerantes praticados no mercado e o imposto
que deveria ser pago.
Segundo as pequenas empresas,
o preço da caixa de seis refrigerantes tubaínas custa R$ 4,50. Mas
o da coca-cola sai por R$ 7,80.
Mas só o IPI "rouba" R$ 1,32 das
pequenas empresas por caixa, já
que elas pagam esse tributo.
As acusações das grandes companhias do setor contra as empresas médias também voltaram à
pauta do dia ontem, durante o
anúncio da Abibi de que está requisitando essas mudanças na tributação.
Há quem diga que as pequenas
companhias do setor são potenciais sonegadoras. A Abibi diz que
isso não existe. "É só história, não
tem nada de verdade", afirma Pinheiro. A Folha tentou entrar em
contato com a Coca-Cola, mas
não obteve resposta.
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