São Paulo, quinta-feira, 31 de agosto de 2000


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APLICAÇÕES
Inflação acima do esperado explica deterioração do rendimento
Caderneta perde 1,5% em 2 meses

LEONARDO SOUZA
DA REPORTAGEM LOCAL

A perda real da caderneta de poupança no bimestre julho/agosto deve ser de 1,5%, com base na estimativa de que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) feche em 1,3% neste mês, o que é considerada projeção conservadora.
A deterioração dos rendimentos da caderneta será maior do que o esperado no final do mês passado, quando se previa prejuízo de 1% para os poupadores no período.
A inflação surpreendeu nesses dois meses. Ontem, a FGV (Fundação Getúlio Vargas) divulgou o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) de agosto -2,39%. O IPCA-15, que apura a inflação entre os dias 15 de dois meses consecutivos, foi de 1,99%.
Perda real é o mesmo que diminuição do poder de compra. O poupador vê no extrato da caderneta o volume do seu dinheiro aumentar, mas, na verdade, suas economias lhe permitem comprar menos produtos.
Segundo a Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança), os depósitos feitos no dia 1º deste mês serão remunerados a uma taxa de 0,7%. Diante da inflação de 1,3%, a perda seria de 0,59 ponto percentual. No mês passado, o prejuízo real foi de 0,94 ponto.

Poder de compra menor
Segundo o economista-chefe do banco Lloyds, Odair Abate, se a perda real no bimestre fosse calculada em termos anuais, a diminuição do poder de compra do dinheiro aplicado na poupança seria de 8,81%.
Para Abate, a inflação pelo IPCA deve ficar entre 1,3% e 1,4% neste mês. No final de julho, sua projeção era de 1,2%. A maioria das estimativas dos bancos está entre 1,2% e 1,5%. O IPCA é o índice adotado pelo BC (Banco Central) para monitorar o sistema de metas de inflação.
Confirmada a inflação de 1,3%, fica quase certo que o BC terá que explicar aos técnicos do FMI (Fundo Monetário Internacional) por que a inflação no trimestre julho/setembro ficará tão alta. O governo assinou, no final de 1998, acordo de liberação de empréstimo com o Fundo pelo qual acertaram, entre muitos outros pontos, meta trimestral de inflação.
Para este ano, a meta é de 6,5% para o acumulado de 12 meses encerrados a cada trimestre. Foram definidas também uma banda estreita e outra larga, que são, respectivamente, de até 7,5% e 8,5%.
Caso a inflação fique acima da banda estreita, o BC tem de dizer aos técnicos do Fundo o que ocorreu. Acima da banda larga, as explicações têm de ser dadas à diretoria executiva do FMI. A meta de inflação para 2000 é de 6%, com margem de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
No acumulado de 12 meses encerrado em julho, a inflação ficou em 7,06%. Confirmado o IPCA em 1,3%, ela subiria para 7,85%.
Para setembro, Abate prevê inflação de 0,4%, o que daria no trimestre 7,9% no acumulado de 12 meses. "A inflação deve recuar nos próximos meses e a meta anual será cumprida", disse. Ele projeta 6,4% para o ano.


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