São Paulo, terça-feira, 31 de agosto de 2004

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ESPORTE

Manutenção de complexos pode ser de 100 mi ao ano

Após Olimpíada, Atenas vê em contas a pagar seu maior desafio

KERIN HOPE
DO "FINANCIAL TIMES"

A audiência comemorou ruidosamente quando Jacques Rogge, presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), pronunciou seu aguardado veredicto sobre o desempenho de Atenas.
"Foram Jogos inesquecíveis, um sonho", afirmou o belga.
Mas, depois da festa, vêm a ressaca e a conta. Segundo estimativas iniciais do Ministério das Finanças grego, o custo de organizar a Olimpíada provavelmente excederá 7 bilhões, ante um orçamento inicial de 4,6 bilhões.
O estouro dos custos, equivalente a cerca de 2,5% do PIB grego, poderá fazer o déficit orçamentário passar, pelo segundo ano seguido, o limite de 3% do PIB permitido pelo Pacto de Estabilidade da União Européia.
Costas Karamanlis, o primeiro-ministro de centro-direita, tem duas tarefas difíceis. Uma é preservar os sentimentos positivos gerados pelo sucesso na organização da Olimpíada, e, ao mesmo tempo, impor medidas de contenção de gastos para 2005.
Mas os sindicatos, controlados pelos socialistas, continuarão a impor dificuldades quanto à adoção de um aumento salarial de só 3%, como deseja o governo.
"Os trabalhadores das estatais querem se sentir recompensados, não punidos, pelo esforço realizado para que a Olimpíada obtivesse sucesso", disse um funcionário da PPC, a estatal de energia.
A segunda tarefa é garantir que os 35 novos complexos esportivos e centros de mídia construídos para a Olimpíada não continuem a ser um peso no Orçamento depois de 2005.
O novo sistema de trens e bondes de subúrbio, bem como a melhoria da rede viária para a Olimpíada, foram financiados em parte por verbas do pacote de assistência estrutural da União Européia. Mas o governo socialista que precedeu a administração Karamanlis decidiu financiar o custo integral dos complexos olímpicos com verbas públicas, sem desenvolver uma estratégia para o uso das construções depois dos Jogos.
Os complexos, que variam do primeiro estádio exclusivo para o levantamento de peso construído no mundo a um par de lagos artificiais para as provas de remo, receberam elogios dos atletas olímpicos e dos funcionários do COI pela qualidade da construção e dos equipamentos. O principal complexo esportivo, em Oaka, na parte norte do centro de Atenas, pode se tornar uma atração turística, graças à elaborada reforma projetada pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava para a criação de um parque em torno das instalações esportivas.
Mas os custos de manutenção serão elevados, entre 50 milhões e 100 milhões ao ano, segundo estimativas iniciais da holding estatal criada para controlar os complexos usados nos Jogos.
"Nosso primeiro objetivo não é obter lucros, mas cobrir os custos em que o país incorreu", afirma Christos Hadziemmanuel, presidente dessa holding.


Tradução de Paulo Migliacci

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