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ESPORTE
Manutenção de complexos pode ser de 100 mi ao ano
Após Olimpíada, Atenas vê em contas a pagar seu maior desafio
KERIN HOPE
DO "FINANCIAL TIMES"
A audiência comemorou ruidosamente quando Jacques Rogge,
presidente do COI (Comitê Olímpico Internacional), pronunciou
seu aguardado veredicto sobre o
desempenho de Atenas.
"Foram Jogos inesquecíveis, um
sonho", afirmou o belga.
Mas, depois da festa, vêm a ressaca e a conta. Segundo estimativas iniciais do Ministério das Finanças grego, o custo de organizar a Olimpíada provavelmente
excederá 7 bilhões, ante um orçamento inicial de 4,6 bilhões.
O estouro dos custos, equivalente a cerca de 2,5% do PIB grego, poderá fazer o déficit orçamentário passar, pelo segundo
ano seguido, o limite de 3% do
PIB permitido pelo Pacto de Estabilidade da União Européia.
Costas Karamanlis, o primeiro-ministro de centro-direita, tem
duas tarefas difíceis. Uma é preservar os sentimentos positivos
gerados pelo sucesso na organização da Olimpíada, e, ao mesmo
tempo, impor medidas de contenção de gastos para 2005.
Mas os sindicatos, controlados
pelos socialistas, continuarão a
impor dificuldades quanto à adoção de um aumento salarial de só
3%, como deseja o governo.
"Os trabalhadores das estatais
querem se sentir recompensados,
não punidos, pelo esforço realizado para que a Olimpíada obtivesse sucesso", disse um funcionário
da PPC, a estatal de energia.
A segunda tarefa é garantir que
os 35 novos complexos esportivos
e centros de mídia construídos
para a Olimpíada não continuem
a ser um peso no Orçamento depois de 2005.
O novo sistema de trens e bondes de subúrbio, bem como a melhoria da rede viária para a Olimpíada, foram financiados em parte por verbas do pacote de assistência estrutural da União Européia. Mas o governo socialista que
precedeu a administração Karamanlis decidiu financiar o custo
integral dos complexos olímpicos
com verbas públicas, sem desenvolver uma estratégia para o uso
das construções depois dos Jogos.
Os complexos, que variam do
primeiro estádio exclusivo para o
levantamento de peso construído
no mundo a um par de lagos artificiais para as provas de remo, receberam elogios dos atletas olímpicos e dos funcionários do COI
pela qualidade da construção e
dos equipamentos. O principal
complexo esportivo, em Oaka, na
parte norte do centro de Atenas,
pode se tornar uma atração turística, graças à elaborada reforma
projetada pelo arquiteto espanhol
Santiago Calatrava para a criação
de um parque em torno das instalações esportivas.
Mas os custos de manutenção
serão elevados, entre 50 milhões e 100 milhões ao ano, segundo estimativas iniciais da holding estatal criada para controlar
os complexos usados nos Jogos.
"Nosso primeiro objetivo não é
obter lucros, mas cobrir os custos
em que o país incorreu", afirma
Christos Hadziemmanuel, presidente dessa holding.
Tradução de Paulo Migliacci
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