São Paulo, sexta-feira, 31 de agosto de 2007

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Bovespa se "descola" de NY e fecha dia com alta de 0,23%

Em Wall Street, previsão de lucros menores para grandes bancos derrubou ações e levou índice Dow Jones a um recuo de 0,38%

Investidores adotaram estratégia de cautela à espera de discurso do presidente do Fed sobre crise, que acontecerá hoje

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de alternar momentos de altos e baixos, a Bolsa de Valores de São Paulo encerrou o pregão em terreno positivo, com apreciação de 0,23%. Apesar da alta branda, o resultado foi melhor que o registrado pela Bolsa de Nova York, que terminou o dia no vermelho, com recuo de 0,38%.
No mercado de câmbio brasileiro, o dólar se apreciou um pouco diante do real (0,36%), para fechar vendido a R$ 1,974.
Para o risco-país, o dia instável resultou em elevação de 3%, indo a 206 pontos.
Os investidores demonstraram certa cautela nos pregões de ontem, pois é grande a expectativa em torno do discurso de Ben Bernanke, presidente do Fed (o banco central dos EUA), programado para hoje. Bernanke vai falar sobre o setor imobiliário e a política monetária, e, dependendo de suas declarações, os mercados podem ter um dia bem turbulento.
Muitos investidores contam com uma redução nos juros básicos americanos, que estão em 5,25% anuais, e se espera que Bernanke dê sinais de que isso possa ocorrer em breve.
Ontem foi apresentada a revisão do PIB (Produto Interno Bruto) norte-americano do segundo trimestre do ano. Mas a elevação no resultado -ficou em 4%, contra 3,4% da prévia anterior- não serviu de estímulo para o mercado.
As Bolsas européias tiveram desempenho melhor, amparadas principalmente em altas de ações dos setores de tecnologia e petrolífero. O índice FTSEurofirst 300, composto pelas ações das maiores empresas européias, teve alta de 1,13%. A Bolsa de Londres subiu 1,3%.
Em Wall Street, o fraco desempenho das ações de bancos segurou o mercado. A informação de que o banco Lehman Brothers reduziu as previsões de lucros de instituições como Goldman Sachs, Morgan Stanley e Bear Stearns desanimou os investidores. Dentre as maiores quedas em NY, ficaram as ações de Morgan Stanley (-1,7%), Goldman Sachs (-1,3%) e Merrill Lynch (-1,3%).
A continuidade da crise que o mercado americano de crédito habitacional de alto risco enfrenta pode piorar ainda mais as expectativas para os resultados dos bancos.
Na Bovespa, as ações preferenciais "A" da Vale do Rio Doce voltaram a ser as mais negociadas e subiram 0,17%.
O índice Ibovespa, o principal da Bolsa, acumula até o momento queda mensal de 2,44%.
Na semana que vem, o Copom (Comitê de Política Monetária) irá se reunir para definir como fica a taxa Selic, que está em 11,5%. A previsão que prevalece no mercado é a de que a Selic será reduzida em 0,25 ponto. Mas, se o Copom optar por manter a taxa, a Bolsa poderá responder negativamente.
"O aumento das incertezas no cenário externo e as surpresas negativas no campo inflacionário doméstico devem elevar a cautela na condução da política monetária, resultando em redução do ritmo de corte da Selic no próximo Copom. Espero que o BC reduza a taxa Selic em 0,25 ponto na reunião da próxima semana", diz Maristella Ansanelli, economista-chefe do Banco Fibra.
O dólar encerrou ontem com valorização mensal acumulada de 4,83%. Quem buscou o dólar como forma de investimento neste mês conseguiu, até ontem, retorno melhor que o de várias aplicações financeiras.
Com a proximidade do encerramento do mês, o mercado de câmbio começou a sentir a disputa dos investidores para influenciar a Ptax (cotação média do dólar apurada pelo BC). Essa taxa serve de referência para as liquidações de contratos cambiais no mercado futuro. Nesse período, os investidores costumam fazer negócios no mercado apenas para influenciar a Ptax e se beneficiarem na hora de os contratos cambiais serem liquidados.


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