São Paulo, sexta-feira, 31 de agosto de 2007

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Mantega vê "baixo impacto" da crise no PIB

Para ministro, no pior cenário, expansão brasileira em 2008 passaria de 5% para 4,7% devido às turbulências globais

Para ele, o Brasil conseguirá alcançar, em dois anos, o déficit nominal zero, com receitas cobrindo todas as despesas, inclusive com juro

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na pior das hipóteses, a crise financeira internacional reduzirá o crescimento da economia brasileira no ano que vem em apenas 0,3 ponto percentual: de 5% para 4,7%. Esse foi o cenário traçado pelo ministro Guido Mantega (Fazenda) durante reunião ministerial ontem para tranqüilizar seus colegas de governo em relação aos impactos para o país das recentes turbulências externas.
Apesar de ser a hipótese "pessimista", o cenário do ministro da Fazenda faz considerações bastante otimistas para limitar o impacto de uma crise internacional no Brasil.
Considera uma "leve" desvalorização do real diante do dólar, o que reduziria o superávit comercial (resultado das exportações menos as importações). Mas, ainda assim, o ministro estima que o superávit, hoje de US$ 46 bilhões, continuaria "muito positivo".
Uma possível diminuição no crescimento mundial também faria com que o Brasil exportasse menos e reduziria o preço de itens como soja, café e minério de ferro vendidos ao exterior. Mas isso seria compensado pelo crescimento do mercado interno, e o menor preço das exportações das commodities seria menos pressão na inflação.
O ministro também conta nesse cenário com a demanda dos países emergentes. "Hoje a locomotiva mundial não é mais os EUA, mas a China e a Índia." Tudo isso para concluir que haverá "baixo ou nenhum impacto" no Brasil. A apresentação do ministro diz que as "estimativas preliminares apontam desaceleração entre 0,1 e 0,3 ponto percentual em 2008". Aos jornalistas, enfatizou que usou projeções do mercado.
A previsão de Mantega é mais otimista que outras feitas pelo próprio governo. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, na semana passada, estimou que a queda no PIB seria de um ponto percentual em caso de menor crescimento dos EUA.
Mantega também destacou que o Brasil conseguirá ter em dois anos déficit nominal zero, um ano antes do previsto inicialmente. Na prática, isso significa contas públicas equilibradas com as receitas sendo suficientes para cobrir todas as despesas, inclusive o gasto com juros sobre a dívida pública. "Tudo conspira para isso."
Os únicos sinais de preocupação dados pelo ministro da Fazenda ao presidente Lula e aos colegas estão na última página da apresentação. Nela, Mantega lista os desafios para a política econômica. Além da reforma tributária e a prorrogação da CPMF, estão a desoneração da folha de pagamentos, o controle do gasto corrente e, em letras vermelhas e de tamanho maior, o aumento no investimento em infra-estrutura por meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Na exposição da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), ela antecipou parte do balanço do PAC que será divulgado no final de setembro. Ao menos 14 projetos tiveram a avaliação de execução melhorada, todas essas obras deixaram de ter a classificação "vermelha" ou "amarela", que indicam atrasos, e passaram a contar com o selo "verde", em dia.
(LEANDRA PERES, SHEILA D'AMORIM, FERNANDO NAKAGAWA E VALDO CRUZ)

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