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Mantega vê "baixo impacto" da crise no PIB
Para ministro, no pior cenário, expansão brasileira em 2008 passaria de 5% para 4,7% devido às turbulências globais
Para ele, o Brasil conseguirá alcançar, em dois anos, o déficit nominal zero, com receitas cobrindo todas as despesas, inclusive com juro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na pior das hipóteses, a crise
financeira internacional reduzirá o crescimento da economia brasileira no ano que vem
em apenas 0,3 ponto percentual: de 5% para 4,7%. Esse foi o
cenário traçado pelo ministro
Guido Mantega (Fazenda) durante reunião ministerial ontem para tranqüilizar seus colegas de governo em relação aos
impactos para o país das recentes turbulências externas.
Apesar de ser a hipótese
"pessimista", o cenário do ministro da Fazenda faz considerações bastante otimistas para
limitar o impacto de uma crise
internacional no Brasil.
Considera uma "leve" desvalorização do real diante do dólar, o que reduziria o superávit
comercial (resultado das exportações menos as importações). Mas, ainda assim, o ministro estima que o superávit,
hoje de US$ 46 bilhões, continuaria "muito positivo".
Uma possível diminuição no
crescimento mundial também
faria com que o Brasil exportasse menos e reduziria o preço de
itens como soja, café e minério
de ferro vendidos ao exterior.
Mas isso seria compensado pelo crescimento do mercado interno, e o menor preço das exportações das commodities seria menos pressão na inflação.
O ministro também conta
nesse cenário com a demanda
dos países emergentes. "Hoje a
locomotiva mundial não é mais
os EUA, mas a China e a Índia."
Tudo isso para concluir que haverá "baixo ou nenhum impacto" no Brasil. A apresentação
do ministro diz que as "estimativas preliminares apontam desaceleração entre 0,1 e 0,3 ponto percentual em 2008". Aos
jornalistas, enfatizou que usou
projeções do mercado.
A previsão de Mantega é mais
otimista que outras feitas pelo
próprio governo. O presidente
do BNDES, Luciano Coutinho,
na semana passada, estimou
que a queda no PIB seria de um
ponto percentual em caso de
menor crescimento dos EUA.
Mantega também destacou
que o Brasil conseguirá ter em
dois anos déficit nominal zero,
um ano antes do previsto inicialmente. Na prática, isso significa contas públicas equilibradas com as receitas sendo
suficientes para cobrir todas as
despesas, inclusive o gasto com
juros sobre a dívida pública.
"Tudo conspira para isso."
Os únicos sinais de preocupação dados pelo ministro da
Fazenda ao presidente Lula e
aos colegas estão na última página da apresentação. Nela,
Mantega lista os desafios para a
política econômica. Além da reforma tributária e a prorrogação da CPMF, estão a desoneração da folha de pagamentos, o
controle do gasto corrente e,
em letras vermelhas e de tamanho maior, o aumento no investimento em infra-estrutura
por meio do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento).
Na exposição da ministra
Dilma Rousseff (Casa Civil), ela
antecipou parte do balanço do
PAC que será divulgado no final
de setembro. Ao menos 14 projetos tiveram a avaliação de
execução melhorada, todas essas obras deixaram de ter a
classificação "vermelha" ou
"amarela", que indicam atrasos, e passaram a contar com o
selo "verde", em dia.
(LEANDRA PERES, SHEILA D'AMORIM, FERNANDO NAKAGAWA E VALDO CRUZ)
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