São Paulo, Terça-feira, 31 de Agosto de 1999
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Mercado acredita que BC vai manter juros em 19,5%

MARCELO DIEGO
da Reportagem Local

O mercado trabalha com a hipótese de que o Banco Central não irá promover novo corte na taxa básica de juros, amanhã.
Em Brasília, acontecerá a reunião mensal do Copom (Comitê de Política Monetária). Formado por diretores do BC, o Copom determina mexidas nos juros. Hoje a taxa está em 19,5% ao ano.
Ontem o BC já anunciou que irá usar a reunião extraordinária, marcada para o próximo dia 22, para voltar a discutir os juros.
Anteriormente, o encontro serviria apenas para analisar o relatório trimestral do BC sobre as metas para a inflação.
Ontem o BC divulgou circular esclarecendo que essa reunião não se restringirá ao relatório de inflação e terá plenos poderes para tomar decisões sobre outros assuntos, como alta e baixa de juros.
O novo encontro regular do organismo está marcado para 6 de outubro. Assim, o BC tem três oportunidades para mexer nos juros em um intervalo de pouco mais de um mês.
"O BC deve ser o mais conservador possível (amanhã). Se o cenário piorar, não corre o risco de promover um aumento nos juros mais adiante. Se houver uma melhora, tem duas chances para promover o corte", disse Érico Capelo, da Lloyds Asset Management.
Entre os fatores de pressão, apontados por especialistas, estão: repique de inflação causado pelos aumentos de tarifas, comportamento instável na Argentina, frágil apoio político do governo e o recente aumento na taxa de juros dos Estados Unidos.
"Os fundamentos econômicos não estão ruins, mas a falta de avanços no cenário político e a instabilidade gerada pela alta do dólar indicam uma postura mais conservadora", disse José Cândido de Melo, gerente de renda fixa do Banco Tendências.
Para ele, o máximo que o BC pode fazer é cortar os juros em 0,5 ponto percentual, mas manter a tendência (ou viés) neutra.
"Qualquer mexida mais abrupta seguiria posições políticas, não técnicas", disse Carlos Aírton Biasetto, diretor administrativo do Hexabanco. "Se houver queda nos juros, será algo muito discreto, para algo em torno de 19,25% ou 19%."
Um aumento nos juros, porém, é refutado. "Se o BC quiser dar um sinal de alerta, muda o viés, para o de alta", afirmou. "Aumentar os juros agora seria dar um tiro no pé. O governo está tentando criar fatos positivos. Essa seria uma notícia negativa", disse Capelo.


Colaborou a Sucursal de Brasília

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