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"No futuro vai haver
uma só companhia"
da Sucursal de Brasília
O presidente da Vasp, Wagner
Canhedo, alvoroçou o mercado e
assustou as demais companhias
aéreas, ao lançar a idéia de uma
"holding" para o setor, a Air Latina. Ele, entretanto, mantém: "É
preciso fazer efetivamente a fusão, para ganhar em escala".
Folha - Por que a fusão?
Wagner Canhedo - É uma necessidade da indústria do transporte aéreo. Ou nós vamos botar
os pés no chão e cair na realidade,
ou as quatro companhias aéreas
acabam se prejudicando.
Folha - Em quanto tempo?
Canhedo - Talvez agora já saia
alguma fusão entre companhias,
ficando duas ou três. No futuro
vai haver uma só companhia. Em
dois a três anos, no máximo.
Folha - Qual o modelo?
Canhedo - Haveria uma "holding" e ela seria a proprietária da
Varig, da TAM, da Vasp, da
Transbrasil. Cada uma com seu
percentual, de acordo com o seu
patrimônio real. Não há necessidade de botar dinheiro para lá ou
para cá, é só colocar o patrimônio
das empresas na "holding".
Folha - É fundamental para a
fusão apoio oficial, via BNDES?
Canhedo - O dinheiro do governo na indústria será bem-vindo,
lógico, mas é necessário que a
gente faça uma reformulação para fazer economia acentuada, capaz de viabilizar as companhias.
Folha - Como o sr. vê a proposta de "céus abertos"?
Canhedo - Não tem fundamento nenhum, absolutamente. Os
EUA querem "céus abertos" para
todo mundo, menos para eles.
O que precisa é, aí sim, haver
"céus abertos" para as companhias brasileiras, com uma ampla
desregulamentação do setor. Cada um voa para onde pode, com o
equipamento que tem. E precisa
ser o mais rapidamente possível.
Folha - Que tal a idéia de
"aviação de cabotagem"?
Canhedo - Se isso viesse a ocorrer, seria o fim da aviação comercial no Brasil. Precisamos de empresas que cuidem do mercado
como um todo. Não empresas
que dão uma bicada nos melhores
horários e vão embora, deixando
o passageiro ao relento.
Folha - E as tarifas?
Canhedo - O governo tem que
desregulamentar já. Temos que
ter liberdade para flexibilizar a tarifa para cima e para baixo. Os
executivos têm necessidade de
voar nos horários de pico, e as
suas empresas vão ter que pagar
uma tarifa real. Nos demais horários, nós temos que dar oportunidade ao turista, ao aposentado, à
família, de voar mais barato.
Folha - O sr. é a favor do aumento do limite de participação
do capital estrangeiro nas companhias aéreas?
Canhedo - Sinceramente, acho
que não deveria existir limitação
nenhuma. Para quê?
Folha - Dizem no mercado que
a Vasp tem a pior situação financeira entre as quatro. É verdade?
Canhedo - É exatamente o contrário. Nós temos um imobilizado
em torno de US$ 1,5 bilhão, o dobro do que tem a maior companhia brasileira, a Varig.
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